Os dias quentes convidam a banhos de sol e mergulhos demorados, mas bastam algumas horas sem a devida proteção para que a pele acuse os efeitos nocivos da radiação ultravioleta.
A vermelhidão, o calor, a sensação de ardor e, mais tarde, a inevitável descamação são sinais típicos de uma queimadura solar ou, como popularmente dizemos, um escaldão.
Falámos com Joana Preto, enfermeira e especializada em dermocosmética, para perceber como agir nesta situação e quais os erros a evitar.
Primeiros socorros à pele queimada
Assim que perceba que a pele foi queimada pelo sol, o primeiro passo é óbvio: sair imediatamente da exposição solar. E, nos dias seguintes, evitar o sol a todo o custo — mesmo com proteção solar aplicada. "Pensemos numa ferida aberta, ao ar e desprotegida — esta imagem pode sensibilizar-nos", compara Joana Preto.
Depois, é essencial arrefecer e hidratar a pele: compressas ou toalhas húmidas, duches com água tépida e loções leves são aliados de peso. “Loções mentoladas podem ajudar a dar uma sensação de frescura, e como não são oclusivas, facilitam a recuperação da temperatura da pele”, explica a especialista.
Escaldão: quando a descamação é inevitável
Uma das dúvidas mais comuns: será que um banho frio impede a pele de descamar? A resposta é não. “O banho de água fria serve para repor a temperatura e devolver conforto, mas não evita que a pele escame”, esclarece. A pele foi danificada em profundidade, e o processo de regeneração passa, inevitavelmente, pela eliminação das camadas afetadas.
Hidratar sim, mas nem sempre é suficiente
Nos casos mais ligeiros, a hidratação com os produtos certos pode ser suficiente para recuperar a pele. No entanto, se houver bolhas, feridas ou sintomas mais severos, é crucial procurar ajuda especializada. “Pode ser necessária uma abordagem farmacológica e a aplicação de pensos com ambiente estéril”, diz Joana Preto.
Os produtos certos — e os ingredientes a evitar
Sim, os produtos pós-solares são realmente úteis. “Confio nos expositores das farmácias ou supermercados, porque garantem fórmulas hidratantes, reparadoras e apaziguantes”, garante a especialista. Mas atenção: usar um creme qualquer que esteja por casa pode ser perigoso. “Ácidos esfoliantes ou retinóides são absolutamente proibidos nesta fase, pois a pele está altamente fragilizada”, alerta.
A água que bebemos ajuda?
Beber bastante água é importante para a saúde da pele, mas não previne a descamação após um escaldão. “A radiação ultravioleta danifica a pele mesmo que esteja bem hidratada”, explica. O melhor mesmo é prevenir — com protetor solar aplicado na quantidade certa, com a frequência devida.
E os truques caseiros, funcionam?
Camomila, aloé vera e outras receitas da sabedoria popular podem ter a melhor das intenções, mas Joana Preto recomenda cautela. “Aplicar diretamente chá ou gel de aloé vera na pele pode não só ser ineficaz como agravar a situação”, avisa. Hoje em dia, há opções mais seguras e eficazes, a preços acessíveis.
Esfoliar? Nem pensar
Tentar “acelerar” o processo de descamação com esfoliantes é um dos erros mais comuns e mais perigosos. “A barreira cutânea está danificada ou até inexistente. Qualquer tipo de esfoliação, física ou química, vai atrasar a regeneração da pele”, alerta Joana. O ideal? Guardar a esfoliação para o final da época balnear (ou evitá-la por completo).
A pele queimada não se salva, mas pode ser cuidada
Quando a pele começa a descamar, não há volta a dar: o dano está feito. “Não existe forma de salvar essa camada, mas podemos cuidar das camadas abaixo”, reforça. Como? Seguindo todos os cuidados que referimos, e sobretudo, não falhando na aplicação do protetor solar: antes e durante a exposição solar.