ESTUDANTE |16 anos
Qual é o adolescente que gosta de mudar de casa e ser arrancado do seu círculo de amigos? Mesmo que seja para viver num condomínio com piscina e campo de ténis. Nenhum! Preferia ter ficado a viver na praceta, em Sintra. Por isso vou chegar à casa nova contrariado. A minha mãe mudou-me de escola e tudo porque a outra agora fica fora de mão. Não me apetece ir às aulas, não me apetece conviver, não me apetece jogar vólei de praia nem fazer desporto – que é uma coisa que me dá pica e na qual sou bom. Já bastava ter de enfrentar a ausência do meu pai, que está preso.
Quando ele foi preso lembro-me bem da vergonha que foi. Chumbei o ano e tudo. E depois, começaram as ausências. Já não era ele que me levava aos treinos de vólei, nem à escola. E nos Natais começou a sobrar um lugar. Passaram dois anos e agora já me habituei. Só posso contar com a minha mãe. Coitada, ela faz tudo para que eu me sinta melhor e eu às vezes trato-a mal. O papel dela é lixado, mas eu sinto-me revoltado com estas cenas todas. Já imaginaram as tangas que tenho de dar quando me perguntam pelo meu pai? Ninguém merece passar por isto. Ele era o meu herói e, de repente, transformou-se no gajo mais miserável que conheço.
Os primeiros tempos na nova morada vão ser uma grande prova de fogo. Vou estar enfiado em casa, a jogar virtualmente com os meus amigos da praceta. A Bia, uma vizinha da minha idade, vai entrar numa missão para me integrar na escola. Mesmo assim vou sentir-me perdido. Mas as coisas vão melhorar quando conhecer a Lucinha. Ela é linda, divertida, descontraída e adora desporto – como eu!
Vou conhecer o Caio e voltar a jogar vólei de praia. Mais tarde, quando o Tomás chegar a Lisboa, vamos aproximar-nos e formar uma dupla de vólei de praia.