"O Ronaldo marca sem guião um golo de tal forma espantoso que até um nazi se levanta para aplaudir"

Miguel Góis, José Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira voltam a conversar neste episódio de Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira, desta vez, sobre memórias do 25 de abril, sotaques toleráveis, a ideia errada dos neonazis, estratégias para criarem adolescentes e modas que irritam na restauração.

"O Ronaldo marca sem guião um golo de tal forma espantoso que até um nazi se levanta para aplaudir"
José Fonseca Fernandes

Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira/Artigos

Neste episódio do Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira, Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira pretendem falar sobre as 95 teses de Lutero. Antes disso, analisam alguns acontecimentos do 25 de abril recorrendo as memórias antigas: "O Brigadeiro das tropas do Estado Novo, que se recusa a conferenciar, quer simplesmente que eles se rendam, e naquela troca de palavras, o brigadeiro espeta dois estalos no indivíduo do 25 de abril. Não se trocaram tiros, mas sim bofetadas"

Miguel Góis admite que tem um ritual todos os anos neste dia que é assistir aos 'Capitães de Abril', realizado e escrito pela Maria de Medeiros. Salgueiro Maia é interpretado por um ator italiano e o humorista questiona a escolha: "Um italiano para interpretar um grande herói português. Quem é que há-de ser? Melhor mandar vir lá de fora, que a gente não tem material cá. Não tínhamos um Vítor Norte?"

Destaque para Maria de Medeiros, que também entra como atriz e conhece Salgueiro Maia, conversam mas havia "um regime autoritário para derrubar": "Acho giro esta cena em que a guionista, e a realizadora decidem, de repente, no meio dos maiores feitos históricos do país, meter-se lá dentro e ter este episódio. Portanto, ficámos a saber que no 25 de abril a coluna militar para por duas razões. Para nos semáforos vermelhos e nas Marias de Medeiros"

José Fonseca Fernandes

Para discutir a imagem dos neonazis, Ricardo Araújo Pereira recorre à futebolística do 'Fuga para a Vitória' para realçar que "os velhos nazis, os nazis originais, os alemães, não são nada dominadores porque são os maiores perdedores da história".

No futebol, garantem que o filme é "mal filmado" pois os americanos não conhecem bem as regras: "Estava a dizer que o desporto raramente é bem filmado. Mas atenção, no 'Fuga para a Vitória', o golo que dá a vitória aos aliados, que é aquele em que o Pelé, ainda lesionado, marca de pontapé de bicicleta após cruzamento da direita, é exatamente igual ao golo que depois o Ronaldo marca ao serviço do Real Madrid às Juventus. O que significa que o Ronaldo marca sem guião um golo que os guionistas daquele filme pensaram como é que há-de ser um golo de tal forma espantoso que até um nazi se levanta a aplaudir".

José Fonseca Fernandes

Ainda no cinema, destaque para a série 'Adolescência' que preocupa José Diogo Quintela, embora o 'The Walking Dead é que devia ser razão para os pais estarem em alerta. A discussão desenvolve-se em torno das melhores estratégias para criar adolescentes e a questão de colocar a louça na máquina impõe-se. No domínio doméstico, análise para a feitiçaria que acontece com "meias que desaparecem, tupperwares que também desaparecem, a parte detrás do comando, talheres, maioritariamente garfos, que não fazem parte do faqueiro".

José Fonseca Fernandes

Nas modas que irritam, destaque para o barbecue coreano em que "eles dão-te a comida e tu é que grelhas": "Eu sei que os restaurantes estão a atravessar dificuldades financeiras e querem cortar os custos. E então eu admiro muito esta maneira que eles arranjaram de porem cada vez mais o cliente a trabalhar"

Buffets, empratamentos chocantes e o novo conceito de 'bawls' criam alguma animosidade entre os humoristas, havendo espaço para falar sobre o ódio de Gottlob Wilhelm Burmann, um poeta alemão do século XVIII que odiava a letra R: "Achava que era por causa do R que a língua alemã não era assim tão bonita. Ele culpava individualmente o R. E é como todos os ódios, é irracional".

No final, recordam num grande momento de nostalgia uma rábula passada numa agência de publicidade.

Pode ouvir o episódio completo aqui: