Açambarcadores de papel higiénico? O apagão provou que "quem tem cu, tem medo"

A morte de Papa Francisco, autoelogios fúnebres em contas de Instagram e açambarcamentos de produtos durante o apagão, para ouvir neste mais recente episódio do Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira de Miguel Góis, José Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira.

Assim vamos ter de falar de outra maneira

Neste episódio do Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira, Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira pretendem falar sobre a segunda lei da termodinâmica. Antes disso, analisam o apagão geral que colocou Portugal às escuras e deixam o alerta aos jornalistas que colocam perguntas em títulos: "Fica a nota de repúdio. E repara-se, o jornalista não fez o seu trabalho. Não devia ter escrito nada. Ecoar a pergunta que eu tenho na minha cabeça e que eu quero ver respondida é batota. Ele não tem nada de ecoar. Não. É um jornalista. Os jornalistas estão-nos a tratar como fontes".

José Fonseca Fernandes

Crítica também à filosofia "que só levanta questões" e que por isso não dá dinheiro nenhum: "Por isso é que nós nunca vimos Schopenhauer a conduzir um descapotável. Ou Immanuel Kant na sua casa com piscina. Quando eles começarem a dar respostas o dinheiro começa a entrar".

Sobre o apagão desta segunda-feira, dia 28 de abril, discutem os açambarcadores de produtos com destaque para o senhor que comprou vinte e oito lanternas que talvez faça parte de uma "quadrilha de ladrões e tem um covil numa gruta". No açambarcamento, a preferência de José Diogo Quintela vai para o Halibut e critica quem arrecadou toneladas de papel higiénico com risco de ficar com o "rabo assado". Se o fim do mundo acontecer, é provável que o encontrem com o rabo mais impecável de todos.

José Fonseca Fernandes

O tema 'rabo' é desenvolvido pois mesmo não tendo o prestígio devido, ele está no centro das nossas preocupações já que sempre que há uma ameaça, a prioridade vai para o rabo: "É provavelmente devido o provérbio 'quem tem cu tem medo'". José Diogo Quintela aproveitar para partilhar a experiência da sua colonoscopia e Ricardo Araújo Pereira sugere que a Apple Podcasts devia ter uma secção chamada 'Rabo do Zé Diogo Quintela', já que este foi tema de várias edições. Passagem rápida pelos conceitos da medicina entre a escala de Boston e de Bristol.

José Fonseca Fernandes

Recuperando as notas à comunicação social, lembram a tragédia de Mónica Silva, que é tratada como a grávida da Murtosa: "Isto parece-me um modo muito indigno e frio de se referir a uma vítima. Porque normalmente este tipo de tratamento reserva-se para o criminoso. Não estamos preparados, para muito brevemente, vermos manchetes como esta 'Desapareceu a hipertensa do cadaval', 'A coxa de Rio Tinto está em parte incerta'..."

Também os nomes dos serial killers portugueses lhes faz comichão: "Três dos mais famosos Manuel Palito, Vítor Jorge e Mata-Sete. Isto são tudo nomes de gajos porreiros com quem se bebe umas ginginhas. A comunicação social tem estado realmente muito mal." Ricardo Araújo Pereira revela o seu desagrado sobre as notificações da CNN Portugal, pois apesar de não querer ser o primeiro a recebê-las, quer recebê-las à mesma.

Para refletir sobre a morte de Papa Francisco, é criticado o autoelogio fúnebre: "O utilizador de Instagram vai fazer um elogio fúnebre que é, na verdade, um autoelogio fúnebre. Não é bem para o defunto, é para si próprio. Quando a celebridade que está a lamentar o falecimento conhecia a pessoa falecida, o cadáver torna-se ainda mais decorativo para enfeitar, para embolsar a reputação da pessoa que fica a fazer posts".

José Fonseca Fernandes

No final do episódio, recordam com grande nostalgia o momento, em que num sketch, acreditaram que "Jesus Cristo morreu por nós, Jesus Cristo é o nosso Salvador, Jesus Cristo é o Senhor".

Pode ouvir o episódio completo aqui: