Aos 16 anos, Maria João Afonso foi diagnosticada com uma condição rara. Durante muitos anos, este foi um tema tabu, guardado em silêncio e que provocou um turbilhão de emoções. Não foi uma realidade fácil de aceitar, no entanto, hoje, Maria João dá o seu testemunho sobre o longo caminho que percorreu desde que descobriu que nasceu sem útero e canal vaginal.
“A minha mãe sentia-se muito culpada”, refere a convidada que explica que as dúvidas sobre o seu corpo surgiram ao chegar aos 16 anos sem menstruar. Depois de procurar ajuda e ter feito uma ecografia, Maria João descobriu que sofria de Síndrome de MRKH. Um diagnóstico que assombrou toda a família e que se tornou muito difícil e doloroso de aceitar. Apesar de viver em negação, a convidada admite que sempre tentou disfarçar a dor e a angústia para não preocupar os pais.
Maria João admite que se tornou mais fria e distante mas a vontade e o desejo de ser mãe foi mais forte do que tudo. Aos 17 anos, submeteu-se a uma cirurgia para construir o canal vaginal, mas o processo foi “demasiado doloroso”, trazendo consequências físicas e psicológicas.
Alguns anos depois, Maria João e o companheiro, tentaram de todas as formas possíveis ser pais e os obstáculos voltaram a surgir. A convidada recorda a luta inglória para ser mãe e revela que fez de tudo para conseguir realizar o sonho, mas sem sucesso. Apesar de não conseguir ter filhos, Maria João confessa viver feliz, tranquila e satisfeita por ter conseguido ter direito à preservação da fertilidade.
Também Marta Alves, de 19 anos, sofre da mesma condição mas confessa que nada a pode limitar e impedir de viver e ter filhos, nem que para isso a opção seja adotar uma criança.