Pedro Gomes da Costa tem 53 anos e é um médico experiente. Nasceu na Guiné-Bissau e veio para Portugal aos 17 anos, onde começou por trabalhar nas obras. O sonho de ser médico levou-o a juntar dinheiro para conseguir pagar os estudos e conseguiu entrar na Faculdade de Medicina em Lisboa.
Dedicado com todo o amor à profissão, trabalha há 10 anos no Serviço de Urgência do Hospital Beatriz Ângelo e foi, no seu próprio local de trabalho, que viveu um grave episódio de preconceito e discriminação. A 30 de julho de 2018, enquanto observava uma criança, de 20 meses, com quadro febril, Pedro Costa foi insultado com todo o tipo de comentários racistas pela mãe da bebé: “Pensa que está a observar algum animal? Aqui o animal é o senhor”, refere.
Pedro Costa recorda a forma violenta e agressiva da mãe da bebé mas revela que nada fez e nada disse perante o sucedido: “Nunca me tinha acontecido na cara, despejarem-me todo o ódio racial“.
No hospital, várias pessoas testemunharam o episódio de racismo e o médico recusou-se a ficar indiferente. Pedro Costa avançou para a justiça mas só passados 3 anos é que conseguiu ganhar o caso em tribunal. Apesar da vitória, a mãe da menina foi julgada apenas por injúria agravada e não por racismo.
Pedro Gomes da Costa deixa o apelo para que sejam feitas alterações na moldura penal, pois da forma como está a lei admite que esta “encoraja a situações semelhantes“.