Era um génio incontestável da moda, passando por casas como Chanel ou Fendi. Karl Lagerfeld morreu em fevereiro de 2019, aos 85 anos, e foi homenageado de diferentes formas no Met Gala deste ano. Mas o designer de moda alemão estava longe de ser uma figura consensual.
Segundo o escritor Patrick Mauriès, no livro World According to Karl, Lagerfeld teria dito o seguinte: “Pensem em rosa, mas não o usem”. E esta segunda-feira, dia 1, de maio, o rosa fez-se notar em alguns rostos bem conhecidos: Viola Davis, Naomi Campbell, Ashley Graham, entre outros.
A hipocrisia de Hollywood?
Não faltaram notas de pesar e de elogio aquando a morte do designer, nem enaltecimentos do seu percurso e caráter na gala mais excêntrica do ano. Mas afinal o que disse ou o que fez Karl Lagerfeld?
Prepare uma caneta:
- “Se não querem as vossas calças puxadas para baixo, não se tornem modelos”.
Por ocasião do Me Too, movimento em Hollywood que se repercutiu noutras áreas onde uma onda gigante de predadores ou agressores sexuais foram denunciados, Lagerfeld não hesitou em desvalorizar as vítimas.
“Entrem para um convento. Haverá sempre lugar para vocês num convento”, disse em 2018. “O que mais me choca são as estrelas que levaram 20 anos para se lembrarem do que aconteceu. Sem mencionar que não há testemunhas de acusação”. Lagerfeld chegou enviar flores a Dominique Strauss-Kahn, após o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional ter sido acusado de agressão sexual.
(Kevin Mazur/MG23/Getty Images for The Met Museum/Vogue)
- 2. Adele era “gorda demais” (Metro, 2012)
“Ninguém quer ver mulheres com curvas”, disse à revista Focus em 2009, adiantando que as mulheres que criticam modelos magras são afinal “mãe gordas” sentadas no sofá a “a comer batatas fritas”. Disse ainda que Heidi Klum, que construiu uma carreira de sucesso como top model, “demasiado pesada”.
- 3. Feminista? Nem pensar
Reabilitou a Chanel, mas disse que Coco Chanel “não era feia o suficiente” para ser feminista. Na mesma entrevista à Harper’s Bazaar disse que nunca seria feminista.
- 4. Contra casamento e adopção gay
“Nos anos 1960, todos eles diziam que tínhamos o direito à diferença. E agora, de repente, todos querem uma vida burguesa”.
“Para mim, é difícil imaginar um dos pais no trabalho e o outro em casa com o bebé. Como isso seria para o bebé. Não sei. Consigo visualizar lésbicas casadas com filhos com mais facilidade do que homens casados com filhos. E também acredito mais na relação entre mãe e filho do que entre pai e filho”, contou à Vice.
- 5. Afirmações racistas e xenófobas
Em 2017, num programa de TV francês referiu que os muçulmanos eram “os piores inimigos” dos judeus, dando a entender que seriam ainda mais ‘nocivos’ do que os nazis.
Não há indicações de que alguns destes rostos tenham escolhido a cor rosa como forma de protesto, aliás algumas seriam um pouco mais improváveis, como Naomi Campbell que era amiga do designer.
Contudo, várias publicações no Twitter lembraram que muitos famosos que foram à edição deste ano apoiaram causas e comunidades que Karl Lagarfeld não só não defendia, como atacava. Nas redes sociais, sublinha-se a hipocrisia seletiva de Hollywood que não segue linha coerente e que prefere não faltar a um dos eventos mais falados do ano.