Passaram 10 anos desde que lutou contra uma depressão. João Vieira de Almeida, tio de Carolina Patrocínio, deu uma entrevista ao Observador, numa conversa focada sobre saúde mental. Trabalha numa das sociedades de advogados do país e recordou os tempos em que a sua vida profissional tomavam inteiramente conta da sua vida pessoal.
“Eu chegava ao escritório e as primeiras duas horas estava a chorar”, disse o advogado que já foi considerado, por diversas vezes, na lista dos nomes mais poderosos do país, pelo Jornal de Negócios. “Eu senti a gota a cair, a gota que fez transbordar o copo”, confessou ao jornal, adiantando que antes do diagnóstico, consultava ocasionalmente um psicólogo e psiquiatra.
Chorava no gabinete, sem que ninguém soubesse
O stress e as incalculáveis horas de trabalho levavam a que mal conseguisse sair da cama. “Tinha uma posição difícil como líder do escritório, porque tinha centenas de pessoas“, explicou, revelando que chorou ‘desalmadamente’ no gabinete.
Numa dada altura, João Vieira de Almeida perdeu o norte. O seu sucesso profissional, os amigos e família não tinham o mesmo peso e, durante a entrevista, recorda um episódio que viveu a caminho de Barcelona, Espanha. “Lembro-me de pensar que, se o avião caísse, não fazia mossa“, notou antes de acrescentar que “tanto fazia estar vivo como não estar”.
João Vieira de Almeida nunca deixou de pedir ajuda, recorrendo a profissionais de saúde, medicação e até meditação. Indicou que a depressão não nasceu de um dia para o outro e que, como tal, também não termina dessa forma.
“O mais importante é perceber que há uma saída. Não está ali, ao virar da esquina, não é amanhã, não é depois, não há nenhuma poção mágica. Mas há uma saída “, sublinhou. “Partilhar o nosso estado para que os outros nos possam ajudar”, afirmou sobre a importância de se ouvirem mais testemunhos.
Carolina Patrocínio partilhou a entrevista nas redes sociais. “Herói de infância”, apelidou o tio.
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