Continuam a surgir as histórias de quem larga tudo o que tinha e ruma a novos objetivos de vida, neste caso, impedir a contínua invasão russa, ajudando da forma possível os militares que tentam defender a Ucrânia com os recursos que têm ao seu alcance.
Para isso, as ajudas e projetos externos muito contribuem para uma intensificação da força ucraniana, mesmo implicando que em nada mais se pense a não ser nos efeitos da guerra. É esse o caso de Serhiy Prytula, um nome amplamente conhecido na Ucrânia, e que agora demonstra como naquele país não há outra prioridade a não ser a defesa do território.
Prytula é um dos mais famosos apresentadores de televisão e comediantes do país, um dos rostos mais acarinhados pelo público. Algumas vezes escolhido para conduzir programas de entretenimento, como o caso do Festival da Canção ucraniano, Serhiy deixou para trás a sua carreira de sucesso e de alta visibilidade, e aposta agora a cem por cento na recolha monetária de fundos para as tropas do país.
Em entrevista à agência Lusa, o apresentador assumiu o seu atual objetivo, e foi claro ao afirmar que não pretende voltar à sua carreira na televisão. “É difícil de explicar… É difícil fazer o meu trabalho anterior depois de milhares de mortes aqui”, confessou.
Ao referir que perdeu toda a vontade de entreter ou de fazer rir, Serhiy assume as suas ambições políticas, e vai continuar a desenvolver a campanha por ele criada, ainda em 2014, data da invasão russa à Crimeia.
O apresentador é o rosto de um projeto que recolhe dinheiro e donativos em bens específicos como “coletes antibalísticos, capacetes em kevlar, ‘drones’, equipamentos de primeiros socorros, óculos de visão noturna, ou apenas uniformes e camuflados, além de medicamentos e comida”.
“Compramos o que os nossos militares dizem precisar, mas também contribuímos com as nossas ideias, porque sabemos que, se não nos pedirem algo hoje, vão pedir amanhã”, explicou em entrevista à Lusa.
É do seu amplo gabinete num edifício de escritórios de seis pisos, no centro de Kiev, que o apresentador trabalha com outros 30 voluntários, entre o transporte de caixotes sempre a chegar, e várias pessoas nos corredores apertados. Apesar dos esforços, Serhiy garante que não é suficiente.
Mesmo elogiando todos os países que se alinharam na ajuda à Ucrânia, Prytula fala sobretudo na força do exército ucraniano, já demonstrada várias vezes pela forma como travaram os russos. “Queremos ser independentes, livres e estar na União Europeia e isso deixa-o furioso porque ele pensa que ainda somos parte de algo da União Soviética”, assume. “É por isso que nos quer matar a todos”.