A Ucrânia foi invadida pela Rússia no passado dia 24 de fevereiro. Assim como milhares de famílias, Sasha Filipchuk estava a tentar fugir dos ataques em Hostomel (Kyiv), na semana passada, com os pais e a irmã, quando o carro foi atingido pelos militares russos. O seu pai não sobreviveu. A menina de 9 anos ficou em estado crítico.
Sasha ficou inconsciente durante dois dias num abrigo onde se refugiou com a mãe e a irmã. Posteriormente, foi transportada para um hospital próximo numa maca improvisada por voluntários que acenavam com uma bandeira branca.
Após chegar ao Hospital Central de Irpin, em Bucha, Sasha foi avaliada pelo cirurgião vascular Vladislav Gorbovec. O médico tomou a difícil decisão de amputar o braço esquerdo, que tinha sido ‘consumido’ por uma gangrena — a morte de um tecido por falta de irrigação sanguínea. Caso contrário, a menina teria morrido. Posteriormente, foi transportada para uma clínica privada na capital da Ucrânia.
Na cama de hospital, a menina recordou o episódio dramático: “Não sei porque dispararam contra mim. Espero que tenha sido um acidente e que não me quisessem magoar. Levei um tiro no braço. Corri atrás da minha irmã. A minha mãe caiu. Pensei que fosse o fim, mas ela não estava morta, estava apenas a proteger-se dos disparos. Estava a esconder-se”, disse ao Mail Online.
“Entretanto perdi a consciência. Alguém me levou para um artigo. Fiz algum tratamento lá. Depois algumas pessoas transportaram-me numa toalha para o hospital“, contou.
A enfermeira que tratou Sasha no Hospital Central Irpen elogiou-a pela sua força e coragem: “A primeira coisa que a Sasha me disse foi: ‘Por favor, seja honesta, eu tenho mão esquerda ou não?’. Eu não sabia o que dizer. Não sabia se não dizia nada, mentia ou contava a verdade. O que é que se diz a uma criança que está com dores, mas que sabe que ela aguenta?”, questionou.
“Perguntou se seria saudável e se poderia ter um novo braço artificial rosa com flores. Ela é tão forte. Ela ão chora porque sabe que só as pessoas fracas choram. Agradeceu-nos por salvar a sua vida”, continuou. E acrescentou: “Estou com tanta raiva e sinto tanto ódio por quem dispara e mutila crianças”.
O médico Gennadiy Druzenko, do Primeiro Hospital Móvel Voluntário, disse que Sasha é uma das várias crianças que sofreram ferimentos terríveis durante a guerra. “Todos eles perderam pelo menos um dos seus pais”, afirmou.