Yoshie e Michie Kikuchi, de 33 anos, moram em Okayama, no Japão, e são gémeas, o que, por si só, já é especial. Mas há algo que as distingue do resto do mundo: a sua diferença de altura.
As duas mulheres conquistaram o título do Guiness World Records pela maior diferença de altura em gémeas não idênticas vivas. Enquanto Yoshie mede 162,5 centímetros, Michie tem 87,5 centímetros. O que significa que 75 centímetros as “separam”.
As irmãs Kikuchi são gémeas fraternas, isto é, quando dois óvulos diferentes são fertilizados por dois espermatozoides distintos, e nasceram no dia Michie tem uma condição chamada displasia epifisária espinhal congénita, um distúrbio ósseo que a impede de crescer.
De acordo com o Guiness World Record, Michie vive na casa dos seus pais, que também é um templo dirigido por seu pai, o sumo-sacerdote, e ajuda na administração do templo. Já Yoshie saiu da casa da família e é mãe.
Michie já se sentiu muito insegura com a sua aparência, mas isso mudou quando soube de Chandra Bahadur Dangi, o homem mais baixo de sempre. “Li sobre esse homem mais baixo em 2012 e fiquei chocada. Há um homem por aí a exibir a sua baixa estatura como uma virtude, enquanto eu ficava tímida com a minha condição”, disse.
Michie era “demasiado” alta para ser reconhecida como a mulher mais baixa do mundo, mas percebeu que a diferença de altura entre ela e a sua irmã gémea tornava-as extremamente únicas. E foi assim que tudo começou. As duas foram medidas três vezes pela manhã, na hora de almoço e à noite – tudo isso com a presença de um médico qualificado para garantir que fosse feito com precisão.
São gémeas, mas o oposto uma da outra
Michie e Yoshie têm personalidades e gostos completamente diferentes. “Não somos telepáticas. Digo sempre à Michie para falar comigo ou eu não vou entender”, disse Yoshie. “A Michie gosta de se vestir de rosa a um nível que não consigo compreender. Eu gosto de cores mais escuras. Enquanto a Michie chora com facilidade, sou temperamental e fico com raiva facilmente”, acrescentou.
“Quando costumávamos ir a um piquenique com lancheiras, eu dava-lhe comida que eu não gostava e ela fazia o mesmo, então as duas acabámos com a nossa comida favorita”, recordou. Apesar das suas diferenças, dão-se bem e defendem-se uma à outra quando necessário. Michie sofria bullying na escola algumas vezes e Yoshie ajudava-a sempre.
A maior luta para Michie são os comentários desagradáveis que às vezes recebe de estranhos. “Se eles apenas olharem para mim, tudo bem, mas se apontarem para mim ou mencionarem a minha aparência, pode ser difícil”, afirmou. Yoshie, por outro lado, não vê a doença na sua irmã. “Estou com ela há muito tempo e não a reconheço como uma pessoa com deficiência. Ela está viva e é um ser humano igual a qualquer outra pessoa”, afirmou.
Com este título do Guinness World Records, Yoshie e Michie querem dar coragem às pessoas com condições físicas. “Existem muitas pessoas a viver com diferentes condições físicas. Assim que tu as rotulas e as classificas, a discriminação começa. Ao ter um recorde mundial, quero mostrar que existem pessoas como eu a viver bem e outras com a mesmo condição podem fazer o mesmo”, destacou Michie.