No início do mês de março, um violento tornado afetou a região do Iowa, nos Estados Unidos, e para além do rasto de destruição causado pelos ventos fortes, sete pessoas acabaram por morrer, na localidade de Des Moines. Das sete vítimas, quatro pertenciam à mesma família. A família de Kuri Bolger, que perdeu a mãe, o marido e dois dos três filhos.
Kuri e a família não viviam na zona atingida pelo tornado, mas estavam de visita à casa de Melissa Bazley, mãe de Kuri, quando a condição atmosférica os apanhou de surpresa. No final, Melissa, de 63 anos, Michael, o marido, de 37 anos, e os filhos Kinlee, de cinco, e Owen, de apenas dois, perderam a vida.
A mulher e o filho mais velho, Brysen, de oito anos, conseguiram sobreviver, apesar de também terem sido apanhados pelos ventos fortes, feridos, e internados em estado grave, permanecendo no hospital durante várias semanas. Ainda assim, são o que resta de uma família cujos laços foram quebrados pela destruição causada durante a passagem do tornado.
De imediato, depois da história ter sido partilhada pela imprensa nacional nos Estados Unidos, uma das melhores amigas de Kuri criou uma campanha de recolha de fundos monetários, para ajudar a jovem de 33 anos, através da plataforma GoFundMe, citou a revista People.
A campanha já recolheu mais de 450 mil euros para Kuri e para o pequeno Brysen, numa altura em que a criança já teve alta, depois de ter fraturado uma perna. Um mês depois, a mulher, que continua internada no hospital, fala de uma “onda de amor” recebida por parte de familiares, amigos, e anónimos, e que a terá ajudado a sobreviver, não só fisicamente, como mental e psicologicamente.
“Só temos de ter forças para continuar”
Numa recente entrevista ao programa Good Morning America, Kuri falou sobre como tem sido o processo de recuperação das lesões causadas, e da adaptação a uma nova vida em que apenas restam ela e um dos filhos.
“Felizmente tenho o Brysen, sim”, começou por dizer. “Graças a Deus ele conseguiu sobreviver, e toda a equipa médica o ajudou a recuperar. Neste momento, ele é o meu único alicerce”, confessou Bolger.
“O que sinto é como se estivesse numa montanha-russa de emoções. Tenho a certeza que vêm aí dias muito difíceis, e outros em que se aguenta com mais facilidade. A única coisa que há a fazer agora é relembrar que apenas temos de ter forças para conseguir continuar o caminho”, assumiu.
Ainda assim, Kuri recordou a sensação de quando percebeu que só restava ela e o filho: “Foi muito triste perceber que não havia mais ninguém. Estava muito contente por ele ter conseguido resistir, mas o resto da família não conseguiu, e infelizmente já não estão cá”.
Honrar o nome da família
Definindo o marido como um homem que sempre fez “tudo pelos outros”, com a mãe a ser “uma luz brilhante no mundo de quem a conhecia e tinha a sorte de privar com ela”, Kuri diz que agora o objetivo passa por seguir o legado deixado por ambos, fazendo por honrar o nome da família.
Kuri também dedicou umas palavras a filha Kinlee, alguém que “sempre se importou mais com as outras pessoas antes de pensar nela”, e a Owen, “uma criança muito educada, mesmo com apenas dois anos”.
“Felizmente, tenho muitas fotos e vídeos de nós, todos juntos, e estou grata por isso”, continuou Bolger. “A minha mãe andava sempre com o telefone atrás, para registar tudo. Eu até dizia: ‘Mãe, desliga o telefone. Estamos apenas a dar um pequeno passeio’. Mas agora que tenho essas imagens comigo, essas memórias, é saber que posso olhar para trás, e fico verdadeiramente agradecida”, concluiu Kuri, na entrevista ao Good Morning America.