Pode parecer uma história bizarra, mas o caso chegou mesmo a ir a tribunal. Um homem foi acusado de ser controlador e abusivo depois de ter criado uma regra de cinco metros de distância dentro da própria casa em Paignton, Inglaterra.
Peter Copland, de 66 anos, estabeleceu horários para que a sua esposa, Maire, e os dois filhos, Jessica, de 22 anos, e James, de 19 anos, pudessem usar alternadamente a cozinha. Tudo isto para evitar a família durante a pandemia da Covid-19, segundo o Daily Mail.
O engenheiro reformado criou as regras entre abril e agosto de 2020, quando se divorciou após 33 anos de casamento. Peter enviou e-mails sobre a regra dos cinco metros, que começou com dois metros, e os horários em que cada um poderia usar os espaços da casa.
O Tribunal de Magistrados de Exeter condenou-o por comportamento coercitivo e controlador após um julgamento e decidiu que as regras de separação eram inflexíveis e tornaram-se ‘intimidadoras e dominadoras’. No entanto, Peter Copland decidiu contestar a decisão do tribunal e ganhou o apelo na semana passada, de acordo com o jornal britânico.
Os argumentos
O promotor do caso afirmou que Peter queria que a mulher e os filhos tivessem sempre cinco metros de distância dele e, quando contrariado, teria sido “agressivo” em duas ocasiões. A primeira quando o filho mais novo entrou na cozinha num dia quente (30 graus) para beber um copo de água quando não era o seu horário e a segunda quando a filha mais velha foi até à cozinha agarrar nas chaves para sair de casa e o pai estava lá.
A agora ex-mulher recordou: “Ele dizia ‘sai daqui’ e ‘é a minha vez’. E gritou comigo para eu sair”, disse. Marie explicou ainda que as regras obrigavam-na a preparar as refeições rapidamente e que ela e os filhos tinham que levar bebidas e lanches para os quartos, caso estivessem com fome ou sede durante o horário de Peter na cozinha.
“Não era nada ideal. Ele estava sempre certo porque eram as regras dele”, afirmou, acrescentando que queria proteger os filhos do comportamento dele e “manter a paz” na casa. Além disso, revelou que o marido planeava abandonar a família e sair de casa “quando todo o dinheiro acabasse”.
Já o advogado de Peter disse que o seu cliente queria “manter a paz e evitar discussões” com a mulher e filhos. E mais: queria preservar a sua saúde com o distanciamento social devido à Covid-19. No julgamento desta semana, o juiz entendeu que as regras não eram controladoras, pois a família vivia numa casa grande e havia animosidade dos filhos ao pai: “Passaram a odiá-lo”.