António Raminhos voltou a fazer uma partilha com os seus seguidores nas redes sociais sobre saúde mental. Através de um desabafo, o humorista revelou vários detalhes sobre a perturbação obsessivo-compulsiva com que se depara.
“As minhas obsessões são puras. Não de serem imaculadas e inocentes, muito pelo contrário. Lido com aquilo que os americanos chamam de Pure-O (pure obsession). Quer isto dizer que a perturbação obsessivo-compulsiva com que me deparo passa-se, a maior parte das vezes, exclusivamente na minha cabeça. Nunca tive o hábito de repetir movimentos, de organização ou de fazer contagens”, começou por referir.
“É, quase tudo, interno. Por exemplo, se a minha cabeça me disser, “e se naquela festa de há uns anos estiveste bêbedo e falaste mal a tal pessoa?”, o mais certo é entrar numa espiral de recordações e rever todos os passos que dei nesse dia. Vezes e vezes sem conta! Já cheguei a ligar a pessoas a perguntar se tinham visto algo estranho nesse dia! Não viram nada, mas eu ligar sobre o assunto já foi suficientemente estranho. Ou então pensamentos intrusivos como estar a falar com alguém e pensar “ e se agora desse um grande linguado”… e o pior ser o professor de uma das minhas filhas”, detalhou.
“Ter uma imagem repetida na cabeça dias e dias ou ficar semanas com o pensamento centrado numa parte especifica do corpo. E quando deixo de pensar, não raras vezes acontece: ‘Olha não estou a pensar naquilo!’ o que me leva a pensar outra vez naquilo”, explicou.
“Os medos ou sensações passam-se quase todos na minha cabeça e por lá ficam como uma enorme festa em que só vai gente de quem não gostamos. Com o Caribe Mix 99 a bombar, bêbedos a fazer o comboio e um casal a discutir aos berros. O pior é que não dá para sair da festa. Não há muitas soluções nesta altura”, confessou.
“A pior é desatinar com quem está na festa e dar-lhes atenção e pensar nos porquês de estar ali. As melhores, continuar na festa a gozar com os convidados ou simplesmente a fazer outras coisas. Como quem diz, procurar desvalorizar os pensamentos e deixá-los à deriva sem lhes dar atenção e ocupar o tempo a fazer outra coisa útil… ler, escrever, trabalhar, desporto. As vezes que forem precisas. Mas mais importante, procurar ajuda sem medos, ter alguém que nos “vista” para irmos bem apresentáveis para estas festas loucas na nossa cabeça”, completou, reforçando a importância de procurar ajuda.