Existem histórias que parecem demasiada coincidência para ser verdade. Ainda para mais quando se trata de uma verdadeira tragédia como esta. Duas mortes separadas por meio século: uma em 1971 e outra em 2022. A causa e o local foram os mesmos: fortes chuvas em Petrópolis, no Brasil.
Na manhã de 25 de novembro de 1971, um forte aguaceiro provocou um deslizamento de terra na Rua Bernardo de Vasconcelos, no bairro Cascatinha, e atingiu em cheio a casa de Cecilia Eler de Lima, que morreu no local, aos 55 anos, de acordo com O Globo. Como forma de a homenagear, a neta teria o mesmo nome: Cecilia Lima Fiorese. No entanto, esta terça-feira, 15 de fevereiro, tornou-se, tal como a avó, uma das dezenas de vítimas do avassalador temporada que atingiu a cidade. Tinha 40 anos.
O último contato com a família foi às 17h58, quando trocou uma mensagem com o ex-marido, sendo que este lhe perguntou em que situação se encontrava Cecilia, que trabalhava há menos de um mês numa clínica dentária na região, umas das mais atingidas pelo temporal. Pouco depois, os familiares não conseguiram falar mais com Cecilia e não demorou para que chegasse a informação de que a clínica havia desabado. Segundo funcionários da clínica, que conseguiram escapar a tempo, Cecilia só não sobreviveu porque segundo antes tinha subido para ir tomar café no segundo andar.
O ex-marido, Alessandro de Araújo Dutra, contou que os dois chegaram a pensar mudar de cidade, mas o nascimento do filho do casal, hoje com 6 anos, deixou o plano na gaveta. O medo dos temporais, contudo, era constante para Cecilia e para a sua mãe, que completa 72 anos para a semana. Alessandro foi o primeiro a chegar ao local. “Quando cheguei, ajoelhei, pedi a Deus, chorei muito. A família ligava, eu só respondia que o que nos restava era orar por um milagre porque a cena era apavorante. Infelizmente, não adiantou”, contou ao jornal Extra.
“Eu perdi o amor da minha vida. Nós estávamos separados há dois anos, mas ainda éramos casados no papel. Tinhamos uma relação muito boa. Saíamos juntos. Passeávamos com o nosso menino. Não sei como vou seguir em frente”, acrescentou.