Se ainda pensa que não há bondade ou milagres neste mundo, tem que ler a história de Tim Letts e Bill Sumiel. Quão provável é a sua vida ser literalmente salva por um completo estranho? Pois bem, foi o que aconteceu.
Tim, de 33 anos, estava a trabalhar na Uber no condado de Cape May, em Nova Jersey, em outubro de 2021, quando recebeu um pedido para ir buscar Bill, de 73 anos, a um centro de diálise. Mal sabiam eles que as suas vidas iriam mudar para sempre.
Bill precisava desesperadamente de um transplante de rim há três anos. Começou a sofrer insuficiência renal após ter desenvolvido diabetes há 10 anos. No caminho para casa, em Salem, contou sobre a sua situação ao motorista, que é veterano do exército – mas não esperava que este se oferecesse para doar o seu rim.
“Na metade do caminho para casa, depois de conversar e lentamente se tornar amigo, o Tim disse-me ‘acho que Deus deve tê-lo colocado no meu carro’“, recordou Sumiel ao ABC6 News, citado pelo Daily Mail.
“Ele diz: ‘Se anotar o meu nome e número, dou-lhe o meu rim’. Eu tremia tanto que nem consegui anotar o nome e o número dele”, acrescentou.
Para que um transplante seja bem-sucedido, o dador vivo deverá ter uma função renal normal e um bom estado de saúde geral. Além disso, o tipo de sangue e a tipagem de tecidos deverão ser compatíveis com o recetor. Felizmente, este foi o caso e a operação, no dia 7 de dezembro do mesmo ano, foi um sucesso.
“Doar um rim é o dom da vida“
Os dois tornaram-se amigos. Uma amizade que certamente durará uma vida inteira. Bill Sumiel descreveu a sua viagem de Uber como um “milagre”. “Doar um rim é o dom da vida e sinto-me muito feliz por ter esse dom [o rim]. Quase posso viver a minha vida normalmente”, disse.
Já o ex-motorista, que se mudou entretanto para a Alemanha, disse o seguinte à Town Square Delaware: “Eu não me queria olhar no espelho mais tarde na estrada e pensar: ‘Uau, tu és péssimo. Poderias ter feito algo e não o fizeste porque te convenceste a não o fazer ou porque outras pessoas te convenceram. Pessoas boas precisam de boas pessoas para apoiá-las e não se considere uma boa pessoa se não estiver disposto a apoiar outra boa pessoa“, explicou.
E há um motivo pelo qual escolheu Bill Sumiel: “Ele era alguém que eu sentia que era uma versão de mim mesmo. Ele preocupa-se com outras pessoas incansavelmente. Ele simplesmente impressionou-me como ser humano“, disse Tim, citado pela University of Delaware, onde está a fazer a sua recuperação.
E a idade também foi um fator importante. “Eu queria devolver tempo de qualidade a alguém que dá tempo de qualidade a outras pessoas. As suas opções eram literalmente só eu ou nada naquele momento”, acrescentou.
“Ele é o meu anjo”
E Bill só tem razões para agradecer. “Eu disse-lhe: ‘Obrigado. Adoro-te irmão’. A minha esposa disse: ‘Eu tenho outro filho!'”, disse. “Ele é o meu anjo. Ele simplesmente surgiu do nada e não precisei mais de diálise – chegava de me levantar às 3 da manhã para começar um dia terrível.”
A recuperação foi diferente para cada caso. Bill voltou para casa cerca de uma semana depois e teve a sorte de não sentir nenhuma dor. Já Tim levou cerca de um mês. “Mas eu não mudaria nada. Acho que todos nós queremos ser lembrados por alguma coisa quando deixarmos o mundo. Quero saber que fiz a diferença e que fiz o meu tempo valer a pena“, afirmou.
E. para quem acredita, talvez tenha sido mesmo “mão de Deus”. É que Bill nem sequer era para ter ido fazer diálise naquele dia e Tim nunca se deveria ter afastado tanto do seu trajeto e na direção oposta. “Em retrospetiva, foi um momento absoluto de Deus. Não há dúvida da razão pela qual a aplicação Uber, que possui um algoritmo projetado para tornar as coisas convenientes, me desviou tanto do caminho“, disse o veterano do exército.