É uma das marcas mais exclusivas do mundo, sinónimo de luxo silencioso, materiais raros como a vicunha peruana e preços que ultrapassam os cinco mil euros por peça. Mas esta semana, a imagem da Loro Piana sofreu um duro abalo: o Tribunal de Milão colocou a empresa sob administração judicial durante um ano, depois de reveladas práticas de exploração laboral na sua cadeia de produção.
A investigação identificou trabalhadores, muitos deles migrantes sem documentos, a laborar até 90 horas por semana em oficinas ilegais subcontratadas, recebendo cerca de 4 euros por hora e vivendo em condições insalubres. Tudo isto, enquanto produziam peças que simbolizam o mais alto padrão de sofisticação no universo da moda.
Apesar de não haver indícios de envolvimento direto da marca, o tribunal considera que houve negligência grave na fiscalização dos seus fornecedores. A Loro Piana, agora supervisionada por um administrador judicial, já reagiu, dizendo ter cortado laços com o fornecedor em maio e prometendo reforçar os mecanismos de controlo interno.
Este caso junta-se a uma lista crescente de investigações semelhantes em Itália. Nos últimos anos, marcas como Valentino, Dior, Armani e Alviero Martini também foram alvo de medidas judiciais por utilizarem fábricas subcontratadas que recorriam a mão-de-obra explorada, muitas vezes operando fora do radar legal.
A decisão do tribunal faz parte de uma estratégia mais ampla das autoridades italianas para responsabilizar marcas de luxo por toda a sua cadeia de produção, mesmo quando recorrem a terceiros. O objetivo é claro: travar um sistema que, longe das vitrines reluzentes, ainda depende de trabalho precário e práticas ilegais para manter lucros elevados.