Da aristocracia à moda! Saint Baig é o novo fenómeno das redes sociais — e não tem medo de dizer o que pensa

Saint Baig comenta moda como quem dita decretos reais: entre espartilhos, perucas e capas do Vogue. Em entrevista à SIC Mulher, o criador de conteúdos abriu os portões do seu mundo — ou, melhor, do seu "palácio".

Da aristocracia à moda! Saint Baig é o novo fenómeno das redes sociais — e não tem medo de dizer o que pensa
Reprodução Instagram, DR

Moda/ Tendências

Entrevistar Saint Baig é como entrar numa sala forrada de veludo antigo, com livros empilhados, uma chávena de porcelana na mão e a certeza de que a conversa vai oscilar entre a sempre impressionante história e o requinte estético e clássico. Por detrás do nome artístico está Diogo Baig, 27 anos, criador de conteúdos e comunicador nato, que usa o TikTok como palco para um espetáculo onde o humor, a moda e a história colidem com ironia e inteligência.

“Começou tudo meio ao acaso”, conta. O primeiro vídeo foi uma sátira histórica, com um tom meio irónico, meio aristocrático — e rapidamente nasceu a persona.É uma personagem hiperbólica, quase uma relíquia viva, com um ar de sabichão que diz mais do que devia, com um pé na velha aristocracia e outro na crítica social.Essa figura, construída com referências teatrais, etiquetas da corte e sabedoria pop-cultural, deu-lhe uma voz muito própria nas redes.

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Licenciado em Ciências da Comunicação, Diogo sempre foi “bastante teatral” e curioso. Cresceu entre livros e histórias, incentivado pela avó, e teve formação em teatro desde os 13 anos. Toda essa bagagem foi-se somando à persona digital que hoje conquista milhares de seguidores — sobretudo no TikTok.

Mas Saint Baig é mais do que um criador irreverente. É também um contador de histórias atento aos detalhes. “A moda sempre esteve presente, porque está intrinsecamente ligada à história. Gosto de usar isso como veículo para explicar contextos. Um vestido vitoriano pode servir para falar sobre o casamento, a rainha Vitória ou a opressão social da época".

Apesar da leveza dos vídeos, há sempre trabalho de casa. Quase tudo parte de interesses que já tinha, e vou construindo os vídeos como confirmações dessas referências. Às vezes, passo horas a confirmar uma informação, especialmente quando as fontes se contradizem. O gosto pelo detalhe é evidente, mesmo que o vídeo final dure apenas alguns minutos.

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A rotina de criação, confessa, não é simples. “Escrever é rápido para mim, mas o salto do papel para a câmara é o mais difícil. A parte técnica — luz, som, edição — rouba tempo, e nem sempre me apetece ver-me no ecrã". Ainda assim, tenta manter consistência, algo que considera o seu maior desafio.

Foi com esse equilíbrio entre humor e pesquisa que um dos seus vídeos mais marcantes se tornou viral. “Era sobre aquelas pessoas que se afastam de ti, mas depois respondem com um ‘obrigado pelo convite’ quando não são incluídas. Gravei de impulso e resultou".

Fora das redes, Diogo trabalha em eventos e áreas criativas, mantendo os pés na terra. Mas reconhece que começou recentemente a olhar para os conteúdos com outros olhos. “Durante muito tempo não levei isto a sério. Era só um hobby. Só com o apoio de uma agência é que percebi o potencial real do meu trabalho.”

Quando se fala de referências, o entusiasmo cresce. Fala de Diana Vreeland, Truman Capote, Jacqueline Kennedy, Sissi da Áustria e a Rainha Vitória. São pessoas que mudaram o curso da história, cada uma à sua maneira. Fascinam-me os gestos estéticos com impacto cultural".

Com etiqueta e elegância apuradas, Saint Baig revela ser um comentador satírico de tempos modernos. "Gostava de continuar a apresentar um novo trabalho e de explorar todas oportunidades que possam surgir — e até quem sabe transportar a minha plataforma para palco".