Jeff Highsmith tinha apenas seis anos quando os seus pais lhe contaram sobre o sequestro da sua irmã mais velha, Melissa Highsmith. Por volta dos 13 anos começou a fazer a sua própria pesquisa e ficou obcecado com o desaparecimento dela.
“Foi uma tragédia horrível e nunca pensámos que iríamos encontrá-la e apenas seguimos em frente, mas isso assombrava-me e consumia-me”, disse Jeff em entrevista exclusiva ao Daily Mail.
Melissa, hoje com 53 anos, foi sequestrada pela babysitter poucos meses antes de completar dois anos, em 1971, há mais de cinco décadas. O sequestro aconteceu na casa da família, no Texas, Estados Unidos.
Jeff, que mora em Keller, uma cidade no condado de Tarrant, Texas, passou anos a procurar a irmã. E o mais incrível é que, durante todo este tempo, ela morava apenas a 16 quilómetros de distância dele, em Fort Worth, também no Texas, com o nome de Melanie Walden.
“Em criança, sempre foi um sonho encontrar a minha irmã. Eu pensava em como iria reagir”, contou. Na véspera do Dia de Ação de Graças, e após anos de becos sem saídas e perguntas sem resposta, os irmãos encontraram-se pela primeira vez, graças a um teste de ADN.
“No minuto em que nos vimos, comecei a chorar. Conversámos durante duas horas e senti-me muito confortável”, revelou Jeff. Até ao encontro no Starbucks, Melissa nem sequer sabia que tinha sido sequestrada.
Andy Kill, um porta-voz da 23andMe, empresa responsável pelo teste de ADN, disse ao jornal britânico que o caso de Highsmith é “bastante incomum”. “Normalmente, as pessoas encontram familiares que não sabiam que existiam ou que foram separados uns dos outros. Mas neste caso, com um sequestro e uma pessoa desaparecida, é muito raro”, explicou.
O reencontro com os pais
No sábado, dia 26 de novembro, Jeff ‘apresentou’ Melissa aos seus pais, Alta e Jeffrie Highsmith, que não a abraçavam há cinco décadas.
Sharon Highsmith, irmã de Melissa, deixou uma publicação no Facebook sobre o reencontro: “A nossa descoberta da Melissa foi puramente por causa do ADN, não por causa de qualquer envolvimento da polícia ou do FBI, envolvimento de podcasts ou mesmo investigações ou especulações particulares da nossa família”, esclareceu.
“A mãe e o pai conheceram a Mel pela primeira vez ontem depois de 51 anos e fizeram mais testes de ADN oficiais e legais, embora no momento em que vimos as suas fotos, descobrimos a sua marca de nascença e percebemos que o seu ‘aniversário’ é tão próximo ao da nossa Melissa, sabíamos, sem sombra de dúvida, que esta era a nossa menina”, acrescentou, referindo que estão a “aguardar a confirmação oficial”.
Veja o momento emocionante do reencontro:
Quem sequestrou Melissa?
Durante a entrevista ao Daily Mail, Jeff Highsmith disse que uma mulher chamada Patricia ‘Sugar’ Lewis criou a sua irmã, fingindo ser sua mãe, após o sequestro. E acha que foi ela que a sequestrou. No entanto, as autoridades não confirmaram que ela era a babysitter ou a autora do crime.
Jeff afirmou que Patricia tinha 19 anos na altura quando começou a cuidar de Melissa e surgiram teorias de que ela a comprou num bar. “Eu não acredito nessa história. Acho que ela está a mentir”, disse. “Ela tentou defender-se e admitiu o crime no Facebook antes de o eliminar.”
“Iremos à polícia e diremos: ‘Encontrámos a Melissa, agora é o vosso trabalho encontrar a pessoa que a sequestrou”, referiu Jeff.
A mãe foi considerada suspeita
Melissa desapareceu no dia 23 de agosto de 1971. A sua mãe, Alta Apantenco, recém-separada do seu pai, precisava desesperadamente de uma babysitter para cuidar da filha enquanto ela trabalhava como empregada de mesa.
Depois de colocar um anúncio no jornal local, Alta acabou por encontrar alguém: durante um breve telefonema com uma mulher que se identificou como Ruth Johnson, ficou tudo tratado. Porém, a mulher que combinou o ponto de encontro no restaurante onde Alta trabalhava, não apareceu.
Posteriormente, a babysitter ligou novamente a insistir que ela era a pessoa certa para o trabalho. “Ela disse-me ‘eu adoro crianças e tenho um quintal enorme e as crianças adoram brincar lá fora’, e eu estava desesperada, precisava de uma babysitter porque estava a sustentar”, disse a mãe de Melissa à Fox4 em 2019.
Alta deixou a filha aos cuidados de uma colega de quarto com quem ela morava no Spanish Gate Apartments em East Seminary Drive, em Fort Worth, que então entregou Melissa à babysitter. Ou seja, nunca houve um encontro cara a cara entre mãe e babysitter.
Melissa nunca mais foi vista pela família até ao início deste mês de novembro. “A minha mãe fez o melhor que pôde com os recursos limitados que tinha. Ela não podia correr o risco de ser demitida. Então, ela confiou na pessoa que disse que cuidaria da sua filha”, disse Sharon Highsmith, irmã de Melissa.
“Durante 50 anos, a minha mãe viveu com a culpa de perder a Melissa. Ela também conviveu com acusações da comunidade e do país de que ela magoou ou matou a sua própria bebé”, recordou. “Estou tão feliz por termos a Melissa de volta. Também sou grata por termos justificação para a minha mãe.”
“A polícia sempre achou que a minha mãe tinha algo a ver com isso e não procuraram mais nada”, afirmou Jeff, que agora quer tentar recuperar, juntamente com a família, o tempo perdido (ou roubado).