Mariza foi a mais recente entrevistada de Francisco Pinto Balsemão no podcast Deixar o Mundo Melhor, do Expresso. Numa conversa intimista onde deu a conhecer o seu lado pais pessoal, a fadista desabafou sobre a dislexia do filho, Martim, atualmente com 11 anos.
“Não é um pesadelo nós termos um filho que tem défice de atenção completamente fora do normal. Ele tem dislexia e é hiperativo”, começou por referir.
“Só comecei a perceber quando entra o Covid e que eu sou obrigada a fazer uma paragem. Eu percebi porque quando chegava a carrinha para ir para a escola, ele acordava e chorava. E eu dizia: ‘Mas o que é que se passa? Porque é que choras? Não gostas da escola? Alguém te faz mal na escola?’.Ele não me conseguia explicar porque estes miúdos que têm estas problemáticas, eles têm uma vontade tão grande de agradar, que não conseguem depois dizer o que sentem. Têm medo de ficar mal, de fazer mal e de desagradar a pessoa de quem gostam”, contou.
A artista procurou entender o que se passava. Foi então que a sua mãe a alertou que, aos oito anos, Martim não sabia ler.
“Na escola ele fazia imensas terapias […] Pagava um balúrdio em terapias e era terrível porque ele não estava a aprender nada”, lamentou.
“Ele sofreu bullying na escola, foi mal tratado na escola. Até que uma grande amiga minha, que tem um filho com autismo, com 28 anos, me disse: ‘O meu filho tem autismo e não é nem de perto, nem de longe o problema que o teu filho tem. Portanto, se o meu filho, com 80% de incapacidade, lê, escreve, trabalha no computador, o teu filho também tem de aprender’”, recordou.
Foi precisamente depois desta conversa que a artista decidiu agir. “Eu chamei uma professora de ensino especial e mudei o Martim para uma escola pública. Ele anda numa escola pública ao lado de casa, no Restelo. É um mérito gigante ver uma criança que tem tanta vontade e consegue. Sai da escola às 16h00 e, das 16h00 às 19h00, tem a professora em casa”, revelou.
“Há dias em que eu sinto que ele está cansado, mas no espaço de um mês ele estava a ler e a escrever. Há fórmulas de ensinar, tem que se dedicar, tem que se ter cuidado, tem que se estar presente e eu não estava. Sou muito sincera, com o trabalho, eu achava que estava tudo bem e não estava”, confidenciou.
Orgulhosa dos progressos de Martim, Mariza elogiou ainda escola pública. “Às vezes, podem ter um ambiente menos bom, mas as escolas públicas em Portugal são boas e os miúdos aprendem. O meu filho é uma batalha, vai fazer 11 anos, está no 2.º ano porque teve de começar tudo de novo por causa da barreira da língua. Era tudo em inglês, ele teve de aprender toda uma fonética nova, um abecedário novo, mas as escolas públicas são muito boas”, completou.