Esta quinta-feira, 22 de setembro, Mafalda Luís de Castro fez um longo desabafo na sua página de Instagram, onde assumiu ter complexos com o seu corpo.
“Vou contar-vos uma coisa. Eu nunca amei o meu corpo como devia. Sempre tive e tenho muitos complexos, resultado de feridas antigas que nunca sararam por completo. Feridas causadas por uma sociedade que me ensinou que a «mulher ideal» tem de ser magra, seca, pele lisa, sem celulite nem estrias ou cicatrizes e com curvas. Nunca fui nada disso e quis sempre muito”, começou por dizer a atriz de 33 anos.
“Nunca me vou esquecer desse dia”
“Cresci nos anos 90, época em que as modelos ainda eram mesmo muito magras a roçar a anorexia. Fiz rítmica desportiva de competição durante 5 anos, onde infelizmente ouvi um comentário por parte de uma das treinadoras e nunca me vou esquecer desse dia. Eu sei que não fez por mal. Disse-o até com um tom carinhoso: «a minha menina gordinha», mas posso dizer que desde aquele momento, nada ficou igual. Eu nem sequer era gorda mas sempre fui a mais rechoncha de todas e cresci a ver as mulheres da minha família a fazerem constantes dietas duras (sempre com efeito ioiô) e a acreditar no culto do corpo magro”, contou.
“Em pré-adolescente, na piscina, ou praia, andava curvada como que à procura de alguma coisa no chão, sempre que me deslocava para fora da toalha ou para a água, porque não conseguia suportar que olhassem para mim em pé, direita, relaxada. Encolhia a barriga e tinha vergonha de comer em público. Aos 18, tudo isto resultou num distúrbio alimentar que vivi sozinha, depois, com o conhecimento da minha irmã e de uma amiga a quem confiei o meu segredo, por ter entendido que também ela sofria algo semelhante. Ultrapassei”, afirmou.
A relação atual com a comida e o corpo
“Hoje, a minha relação com a comida é quase 100% saudável. Não faço dietas, como quantidades que sei que não preciso por puro prazer de comer e sem pudor algum. Porque me dá mesmo muito prazer. Se tenho o corpo que gostaria? Não, nem acho que vá acontecer. E que corpo é esse? Não é certamente aquele com que tanto sonhava em miúda mas ainda está perto disso. Porque não consigo vencer o preconceito e ideal que me foi impingido desde nova. Se amo o meu corpo? Sim, muito. Mas de vez em quando”, refletiu.
“Há dias em que me sinto triste por não ser mais definida, por o meu rabo e maminhas descaírem com o passar do tempo e ter duplo queixo em algumas posições. Frustração, por saber que pouco consigo fazer por isso, porque dieta não é, para mim, uma opção e por odiar ginásios. Tento equilibrar sempre os meus exageros com comidas mais saudáveis (que são uma verdadeira seca) para poder continuar a fazer as minhas «asneiras» e porque me preocupo muito em ser e envelhecer saudável. Emagreci, por acaso, há pouco tempo, o que me deixa muito feliz e mais confiante, mas sinto que não devia ser assim. Não há, de facto, um certo ou errado nos corpos! Não deveria! E sinto-me ainda tão presa a isto… estamos tão presas/os em coisas que nos desviam do que realmente importa nesta vida”, desabafou.
Um desabafo e um repto
“Isto foi apenas uma partilha, um desabafo, não um ensinamento, que eu não tenho nada para ensinar. Queria só falar neste assunto porque nunca o fiz, faz parte da minha vida e certamente da de muita gente que está por aqui. Espero que quem se identificar, possa ter a coragem de lutar contra estes novelos tão emaranhados que nos bloqueiam o nos desviam dos nossos verdadeiros «eu»”, referiu.
“Que comentem menos os corpos das outras pessoas, que não reajam com cara de felicidade quando vêem alguém que emagreceu sem antes saberem o motivo, que olhem para as nuances únicas dos seus corpos e as amem, nem que seja por um bocadinho, e que um dia, este, seja um mundo onde SER é mais importante do que o que queremos aparentar. Muito amor para todas/os”, concluiu.
A publicação já tem mais de cinco mil gostos e dezenas de comentários de pessoas que se identificam com as palavras da atriz.