Dias inteiros a ver vídeos no Youtube, Mac and Cheese ao pequeno-almoço e dormir às 23 horas pode parecer a rotina de sonho para qualquer criança e esta mãe permite tudo isso às suas filhas, mas há quem a chame de negligente. “Nunca digo ‘não’ às minhas filhas”, disse Biba Tanya, de 41 anos, citada pelo The Sun.
A viverem na região do Algarve, Tabitha, de sete anos, e Lola, de quatro anos, não têm regras. Segundo Biba, mudou-se em 2020 de Clitheroe, em Inglaterra, para Portugal com um objetivo: para que as filhas possam viver “a escola da vida”.
“Tabitha e Lola não têm hora para dormir, podem acordar quando querem e ditar o que fazem o dia todo, incluindo o que comem. Se mais mães seguissem o meu exemplo, teriam filhos mais saudáveis e felizes, com menos birras, menos stress e menos problemas de saúde mental”, afirmou.
A life coach contou que nunca colocou as filhas numa escola ou cresce. Por isso, todos os dias são para brincar, muitas vezes até tarde. “As meninas costumam estar acordadas depois das 22h. Fazemos caminhadas noturnas até à praia, observamos as estrelas ou olhamos para a lua”, explicou.
“A beleza de unschooling [não ir à escola] – onde as crianças aprendem ao longo da vida em vez de na sala de aula – e eu sendo autónoma é que não precisamos de nos levantar para nada. Nós nunca acordamos com alarmes“, revelou.
“As meninas às vezes pedem comida não saudável ao pequeno-almoço, como biscoitos e Mac and Cheese e eu dou. Só peço que oiçam os seus corpos e observem como se sentem depois. Raramente pedem porcaria processada, mas nunca nego se o fizerem”, continuou. “A minha filha de quatro anos uma vez pediu-me para ver YouTube o dia todo. Eu disse: ‘Claro.’ Mas ela voltou a chorar duas horas depois, a dizer que a sua cabeça estava estranha e que ela não gostou do ecrã”, acrescentou.
“Ao dar responsabilidade às minhas filhas, elas naturalmente escolhem melhores hábitos. Pais rígidos só tornam as crianças mais propensas a tornarem-se rebeldes quando estão sem supervisão”, sublinhou.
A reação às críticas e aos olhares estranhos
“Algumas pessoas pensam que sou negligente. Outros veem como os meus filhos estão felizes e saudáveis e pedem o meu conselho. Recebo olhares em público se minhas meninas estão a fazer algo que a sociedade considera perigoso e eu estou apenas sentada ali – especialmente quando a minha filha de sete anos está a brincar com facas ou a andar pelas rochas descalça, mas eu estou sempre a observar e interviria se elas estivessem em risco”, afirmou. “Estou a ensinar às minhas filhas a ouvir os seus corpos e a respeitar o seu ambiente”, destacou.
Biba confessa que fica surpresa com alguns comportamentos comuns nas escolas: “Surpreende-me que as crianças precisem de permissão para usar a casa de banho ou beber uma bebida e possam dizer ‘não’. As minhas filhas têm poder sobre as suas vidas. ‘Não’ não é uma palavra que elas ouvem”, contou.
“A minha filha de quatro anos pode citar mais de 60 ervas comestíveis diferentes“
O pai das suas filhas, que vive no Reino Unido, é a favor da sua forma pouco ortodoxa de criar as meninas. “O pai deles apoia muito a minha decisão de deixar o Reino Unido. Embora sinta falta das meninas, ele coloca-as em primeiro lugar. Ele ainda é uma grande parte das nossas vidas, só vive num país diferente”, explicou.
Além de Tabitha e Lola, Biba também é mãe de Sebastian, de 17 anos, fruto de um relacionamento anterior. A infância do jovem foi completamente diferente da das irmãs. “Eu fui muito rígida com o Sebastian, que ainda mora no Reino Unido com o pai. Ele foi para a creche quando tinha um ano. Quando tive a minha primeira filha, dez anos depois, queria criá-la de forma diferente”, recordou.
“Agora vivemos no Algarve. As meninas ditaram os seus próprios horários desde então. Passamos a maior parte dos dias na praia. Há certas coisas que faço diariamente – dançar, escrever no diário e cantar – mas não é obrigatório que as meninas participem”, disse.
Biba Tanya, cujos pais era muito rígidos e a enviaram para um colégio interno, garante que as suas filhas nunca fizeram birras. “Eu não tive que lidar com isso e elas raramente pedem para ver televisão ou comer doces, pois preferem salada e frutas. Eu permito que comam o que quiserem, mas notaram como o açúcar e os alimentos processados os fazem sentir”, esclareceu.
“As minhas filhas nunca serão obesas porque têm uma alimentação saudável e equilibrada. É o mesmo com o tempo no ecrã. Quando lhes pergunto o que querem fazer todas as manhãs, a resposta é quase sempre passar um tempo ao ar livre, o que eu adoro”, acrescentou.
“Eu não ensino as minhas filhas. Ambas aprenderam naturalmente a ler e escrever por serem curiosas. As pessoas perguntam se estão ‘atrás’ – mas atrás de quê? A minha filha de quatro anos pode citar mais de 60 ervas comestíveis diferentes. A minha filha de sete anos pode cozinhar uma refeição nutritiva do zero. O sistema educacional encaixota tudo em disciplinas quando não há necessidade. É tudo apenas vida”, rematou.