As imagens tornaram-se virais, e causaram grande impacto pelo mundo, sobretudo na Rússia, já que o movimento de intervenção foi realizado perante o público de um dos canais de televisão russos com maior audiência, a emissora pública Channel One.
Marina Ovsyannikova, nome que esta segunda-feira, 14 de março, fez manchetes depois de ter aparecido no noticiário da televisão russa com um cartaz que dizia “não à guerra” está desaparecida há mais de 12 horas. A informação é avançada por diversos órgãos de comunicação internacionais, como o The Telegraph ou o The Sun, depois da jornalista ter sido detida pelas autoridades locais.
Uma organização não governamental (ONG) da Rússia também esclareceu que os advogados de defesa de Marina perderam o contacto com a jornalista desde a sua detenção. Foi dito que não conseguem entrar em contacto com Ovsyannikova, nem sabem onde está sob custódia.
Como já noticiado, a jornalista apareceu atrás de uma outra pivot de televisão, durante a apresentação do noticiário do canal, onde se via a agarrar um cartaz que dizia “Não à guerra! Parem a guerra! Não acreditem em propaganda! Eles estão a mentir-vos”, com a imagem a ser imediatamente retirada do ar.
Antes da invasão à emissão russa, a jornalista gravou um vídeo publicado no Twitter, no qual assumiu que o que estava a acontecer na Ucrânia era um “crime sem precedentes”, admitindo sentir-se envergonhada por trabalhar para um canal que servia de propaganda do Kremlin.
Marina Ovsyannikova, the woman who ran onto a live state TV news broadcast, even recorded a message beforehand. In it, she says her father is Ukrainian. She calls for anti-war protests, says she’s ashamed about working for Kremlin propaganda, and she denounces the war absolutely. pic.twitter.com/nOpUY9bH74
— Kevin Rothrock (@KevinRothrock) March 14, 2022
“Estou envergonhada por ter me permitido a contar mentiras na televisão. Envergonhada por ter permitido que a população russa fosse transformada em autênticos zombies”, detalhou nesse vídeo.
Depois da ação reivindicativa, Marina pode ser acusada do crime de ofensa e desacreditação das formas armadas russas, com uma condenação que poderá chegar aos 15 anos de prisão, segundo a agência russa TASS. O Channel One, onde a jornalista era também editora, é um dos canais públicos da Rússia, emitido em todo o país, que se mantém fiel às diretrizes do governo em defesa das ações do Kremlin. A emissora fazia parte da União Europeia da Radiodifusão, tendo já sido expulsa do organismo.