A cantora ucraniana Jamala foi notícia nas últimas semanas depois de ter sido mais uma, entre milhares, a fugir do país com os filhos, a pé, rumo a um local mais seguro e longe da guerra. A artista é uma das mais bem sucedidas da Ucrânia, muito graças à vitória conquistada no Festival Eurovisão da Canção, em 2016, curiosamente numa luta renhida pelo primeiro lugar… com a Rússia.
Nesse ano, Jamala apresentou “1944”, um tema que faz referência à deportação de tártaros na região da Crimeia, pelo regime de Estaline, no tempo da União Soviética. Cantado na língua tártara, a canção conta a história da família de Jamala, e de muitos outros cidadãos da etnia, deportados para a Ásia Central, contou a cantora em entrevista recente à AFP em Istambul.
Istambul, na Turquia, foi precisamente uma das primeiras paragens da cantora, depois de ter fugido de Kiev com os filhos nos braços. Para trás ficou o marido, assim como familiares e amigos. Enquanto está longe de todos, Jamala tem feito por visitar outros países da Europa, com o objetivo de continuar a reivindicar a luta ucraniana contra as ofensivas de Moscovo.
Na última sexta-feira, dia 4 de março, a artista foi uma das convidadas do concurso da pré-seleção da Alemanha para o Festival da Eurovisão. Numa emocionante interpretação da música com que conquistou o troféu da competição internacional, Jamala admitiu não ter sabido como fora capaz de atuar.
Já esta semana, a cantora deslocou-se até ao Reino Unido, onde foi entrevistada no programa ‘BBC Breakfast’. Jamala falou sobre o impacto da guerra no seu país, e a forma como a família tem conseguido manter-se na capital do país, cita a Sky News.
“A minha família, o meu marido, toda a minha equipa e restante banda, todos os meus amigos ainda estão em Kiev, em abrigos de proteção antimísseis. É um dos momentos mais difíceis para o meu país e para o mundo inteiro. É por isso que os dias de hoje são muito difíceis de entender, é tudo uma loucura, um absurdo”, desabafou a artista.