O que deveria ser um lugar seguro, foi espaço para cometer um crime. Flora Cruz, filha do sambista Arlindo Cruz, que sofreu um AVC [Acidente Vascular Cerebral] em 2017 que deixou sequelas, recorreu às redes sociais para acusar o cuidador do pai de importunação sexual.
O longo desabafo foi partilhado na noite desta quarta-feira, 26 de abril, na sua conta de Instagram. “Olá. Diferente de tudo o que vocês já viram aqui, está a doer muito ter que escrever este texto. Pela exposição, pelo que vivi, por medo e por saber que não fui e não serei a última mulher a passar por isto“, começou por escrever.
“Na madrugada do dia 24 de abril fui vítima de importunação sexual. Não falei nada antes por medidas de segurança. Todo conteúdo que vocês viram aqui nesses dias eram gravados e faziam parte de um cronograma de trabalhos”, continuou.
“Resolvi tornar pública a situação para me proteger e usar a minha voz para que mais mulheres não se calem. Eu, dentro da minha casa, achando que estava segura, com uma pessoa que estava ali para cuidar da saúde do meu pai“, acrescentou.
“O corpo do outro não deve ser tocado sem consentimento“
A influencer de 20 anos relembrou o que aconteceu: “Tive o meu corpo tocado, sem a minha autorização, com a justificação de que eu estava de baby doll [camisa de noite] e como homem era muito difícil resistir. Dentro da minha casa, no meu quarto, onde eu deveria sentir-me segura“, contou.
“Exponho esta situação como medida de segurança e para usar a minha voz como um alerta. Todas as questões judiciais estão a ser resolvidas pelos meus advogados. Não importa a roupa que estás a usar, ou a ausência dela, se bebeste, se estás acordada ou se estás a dormir. Não é não. E o corpo do outro não deve ser tocado sem consentimento“, afirmou.
“Estou assustada, com medo, com vergonha de ter e precisar de me expor desta forma, e sem muito mais o que dizer. Ainda está muito difícil assimilar tudo isso”, explicou, agradecendo “o cuidado e carinho” que tem recebido da família, amigos e da sua equipa.
Por fim, Flora Cruz deixa um apelo: “Peço, com todo o meu coração, que se passou ou está a passar por algo parecido, não se cale“, rematou.
Peça ajuda.
Ligue para o número gratuito 116 006 – Linha de Apoio à Vítima da APAV – de 2.ª a 6.ª feira, das 09h às 21h. Envie um e-mail para [email protected]. Dirija-se a um dos Gabinetes de Apoio à Vítima da APAV.
