Depois de quase 50 anos, o Supremo Tribunal dos EUA revogou o constitucional ao aborto, que existia no país desde 1973. Uma decisão que originou uma onda de críticas. No entanto, há quem a defenda.
Miguel Milhão, que fundou a Prozis em 2006, recorreu ao LinkedIn para celebrar o fim do direito ao aborto. “Parece que os bebés recém-nascidos têm os seus direitos de volta nos Estados Unidos. A Natureza está a curar-se“, lê-se.
É importante referir que a Prozis, com sede em Esposende, é a maior loja de nutrição desportiva da Europa e conta com milhares de clientes. Tem bastante visibilidade em Portugal, sobretudo nas redes sociais, uma vez que muitos influencers trabalham com a marca portuguesa.
“A Natureza não se está a curar Sr. Milhão“
A publicação do empresário está a gerar muitas críticas nas redes sociais. “E se na Prozis queres ser cá da malta, tens que levar a gravidez até ao fim, até ao fim! (pode ser o teu fim, mas o que interessa é defender os bebés não nascidos). Bem-estar das mulheres? Só para fazer parcerias, obrigado!”, escreveu Ana Castro Sanches no Twitter.
Também na sua página de Instagram ‘Dido and Company’, Ana acrescentou: “Parece demasiado importante para não ser partilhado. O fim dos nossos direitos começa quando nem somos tidas ou achadas nesses mesmos direitos. Quando passamos de pessoas a meros ‘corpos incubadores’ porque ‘não se pode fazer mal a bebés'”.
“Uma mulher que aborta não o faz de ânimo leve, muitas vezes nem o faz por desejo próprio. Uma mulher que aborta pode correr perigo de vida se não o fizer. Ilegalizar o aborto não reduz as taxas de aborto (a tendência que se vê é exatamente contrária) pelo que não se trata de defender vidas de ‘unborn babies’. ‘Fazer mal a bebés’ (o argumento dado vezes sem conta na thread de Linkedin) não é mais importante que ‘fazer mal a mulheres’”, continuou.
“A Natureza não se está a curar Sr. Milhão. Somos nós as pessoas que achamos que mandar no corpo uns dos outros (e sobretudo das outras) é fixe e aceitável. Não é, simplesmente não é. Sugiro que encontre a cura da Natureza de outras formas, talvez com um suplemento de bom senso, que parece estar em défice nas últimas 24 horas”, rematou.
No momento da redação deste artigo, este é o segundo mais debatido no Twitter em Portugal. No Instagram, a marca bloqueou comentários às publicações. Entretanto, Miguel Milhão, fechou conta no LinkedIn.