Susan Gervaise desapareceu em 1969 quando uma família de nómadas se ofereceu para levá-la de férias à Walt Disney World Resort, em Orlando, Flórida, com os seus filhos. Prometeram que a menina de quatro anos regressaria a casa, no Reino Unido, mas isso nunca aconteceu.
“Quando era criança, morei com os meus seis irmãos numa antiga casa paroquial num sítio para nómadas. Não éramos viajantes. A minha mãe estava sozinha e estávamos todos a entrar e a sair do orfanato”, contou Susan, que vive na Austrália e tem quatro netos, citada pelo Mirror.
Fiquei amiga de um casal que era da Escócia, a mulher, que eu chamo de mãe, tinha esclerose múltipla e eles tinham dois filhos. Acho que eles queriam uma menina”, acrescentou. “Perguntaram à minha mãe se podiam levar-me à Disney World e ela deu a minha certidão de nascimento“. O casal terá adicionado o seu nome ao passaporte de Susan.
Susan, cujo apelido de família é Preece, foi informada de que tinha sido adotada depois dos pais biológicos a terem deserdado. “Eu vivi com a comunidade itinerante e vivi uma boa vida, onde fui mimada. A minha mãe morreu de esclerose múltipla quando eu tinha 10 anos, mas mesmo assim, sendo criada no centro de uma comunidade itinerante, eu era muito amada. Sempre fui feliz. Viajei pelo mundo”, explicou.
Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Susan passou por esses três países com o casal, que lhe terá dito que a tinha adotado. Enquanto isso, a sua família passou mais de cinco décadas à sua procura. Finalmente, o seu desejo foi realizado depois do marido de Susan, Hamilton, ter feito um apelo no Facebook.
Em apenas meia hora, os familiares de Susan, que vivem em Pontefract, West Yorkshire (Inglaterra), viram a publicação e responderam. Foi assim que a mulher se reuniu com quatro dos seus irmãos, aos 53 anos.
O momento da verdade
Susan, que gere a instituição Fresh Start Mission com o marido, descobriu a verdade quando precisou de atualizar o seu passaporte para fazer uma viagem da Nova Zelândia para a Austrália, aos 16 anos. “Precisava de uma assinatura da minha mãe ou do meu pai. Foi quando o meu pai me disse que ele não me adotaram, eu tinha sido raptada”, recordou ao Wakefield Express.
Somente aos 18 anos é que Susan conseguiu solicitar um passaporte adulto e regressou no ano seguinte para a Austrália, onde conheceu o marido e teve três filhos. O ‘pai’ morreu dois anos depois. E apesar de ter descoberto a verdade, decidiu continuar com a sua vida.
“Só quando alguém que foi adotado me perguntou o que a minha família no Reino Unido estaria a sentir é que se fez luz. Quando falei com a minha família, eles estava a chorar histericamente porque eu estava viva”, contou.
No seu 57º aniversário, Susan viajou até ao Reino Unido para ver a família pessoalmente. Infelizmente, a sua mãe biológica morreu há oito anos sem saber que a sua filha estava são e salva. “Até hoje não sabemos porque é que a polícia nunca esteve envolvida. Penso que deve ter sido porque a minha mãe lhes deu permissão para me levar e o facto de estarmos a entrar e a sair do orfanato”, disse.
“Milagres acontecem. Há esperança”
Susan decidiu contar a sua história para dar esperança a outras famílias de crianças desaparecidas, como Madeleine McCann, que desapareceu aos três anos depois de umas férias em Portugal, em 2007.
“Houve vários apelos de pessoas desaparecidas ao longo dos anos e a minha mãe voltou continuamente ao local dos viajantes depois de se mudar para me procurar. Isto é uma mensagem para quem perdeu alguém que milagres acontecem. Há esperança.”
Os pais de Madeleine, Gerry e Kate, não estavam disponíveis para comentar, mas uma fonte próxima da família afirmou: “Eles sempre disseram que, até que sejam confrontados com evidências incontestáveis em contrário, continuarão a acreditar que a Madeleine ainda pode estar viva e que um dia irão reunir-se com ela. Casos como este mostram que eles nunca devem perder a esperança.”