Duas décadas sem braços. Assim foi a vida de Felix Gretarsson, que sofreu um acidente no trabalho em 1998: foi eletrocutado em Kópavogur, na Islândia. Agora, consegue escovar os dentes, atirar bolas para os seus cães, levantar pesos no ginásio e abraçar os netos pela primeira vez. Tudo isto depois de receber o primeiro transplante de braços.
O homem de 49 anos, natural de Lyon, França, submeteu-se à cirurgia de 15 horas em janeiro de 2021. E a sua vida mudou por completo. Na galeria abaixo é possível ver Felix a abraçar a filha. A última vez que o fez a jovem tinha três meses.
“Depois de vê-los em bebés a chorar e ser incapaz de segurá-los, foi indescritível. Certas pequenas coisas como abraçar a minha esposa e os meus filhos, mas também a percepção das minhas mãos”, disse em entrevista, citado pelo Daily Mail, 16 meses após a operação.
“Não percebes quando perdes as mãos quantas vezes por dia precisas de tocar no nariz ou nos olhos ou coçar a cabeça e agora estou a fazer isso constantemente”, contou. E a sensação de conduzir um carro com as próprias mãos? “A primeira vez foi incrível”, afirmou.
No entanto, nem tudo é fácil. “É super desafiador e frustrante tentar fazer alguma coisa constantemente e os músculos não se movem, mas a recompensa é incrível quando, de repente, esses movimentos começam a manifestar-se”, explicou. “Nós temos mármore no balcão da cozinha e eu apenas coloquei os meus braços em cima da mesa e senti o frio com a mão, foi incrível”, acrescentou.
No mês passado, Felix agarrou um telemóvel pela primeira vez na vida. Antes do transplante, lambia ou usava o nariz para tocar no ecrã. São pequenos grandes progressos.
A vida depois do acidente e antes do transplante
Felix foi eletrocutado enquanto consertava uma linha de comunicações. Passou por 54 operações enquanto estava em coma. Para salvar a sua vida, os médicos tiveram que amputar os dois braços. Quando acordou do coma induzido três meses depois, ficou aliviado ao descobrir que não tinha ficado completamente paralisado devido à queda.
Sete meses depois foi transferido para um centro de reabilitação, onde se tornou dependente de outras substâncias depois da sua medicação para a dor ter sido reduzida. Felix perdeu a carreira, a namorada de longa data e não pôde ver as suas duas filhas, Rebbeka e Diljá, hoje de 27 anos e 23 anos, respectivamente. Foi um período sombrio.
Entretanto, encontrou um cirurgião de renome mundial e implorou-lhe para que realizasse um transplante nunca antes feito. E conseguiu. Os profissionais de saúde ficaram impressionados com a sua incrível e rápida recuperação: seis meses depois conseguia mover os cotovelos enquanto estava na água e nove meses depois conseguia mover os dedos.
Felix adora a sua nova independência. “Posso ir a um café e não tenho que pedir a alguém que enfie no meu bolso o troco. Tomar banho e não ficar dependente das pessoas nessas tarefas diárias. Era eletricista porque adorava trabalhar com as mãos e ainda coleciono ferramentas. Ser capaz de usá-los e fazer alguns DIY, essa é a minha paixão”, contou.
“Estou a viver um conto de fadas, existe sempre algo novo”, rematou.