Nathan Stapleton ‘morreu’ durante 16 minutos depois de partir o pescoço. No dia 9 de abril deste ano, a vida do ex-jogador profissional de râguebi mudou para sempre: ficou tetraplégico. E mais: a sua esposa estava grávida de sete meses.
No dia do incidente, o atleta estava a jogar râguebi em West Wyalong, na Austrália. “A última coisa que me lembro do jogo foram as mãos do irmão da Kate na minha cabeça. Foi quando eu soube de algo… que não era bom”, disse, citado pelo canal 9 News.
“Fui declarado morto no local. Estive assim durante 16 minutos. É difícil pensar nisso porque todos estavam a pensar o pior, obviamente”, acrescentou. Felizmente, Louise McCabe, uma enfermeira, que estava de folga, estava lá e manteve Nathan vivo até a ambulância chegar. “Se ela não estivesse lá, eu não estaria aqui para contar a história.”
No hospital, os profissionais de saúde disseram a Kate Stapleton, com que Nathan está junto há 15 anos, para se preparar para o pior. “Avisaram-me que era muito provável que ele tivesse danos cerebrais graves, o que para mim foi pior do que qualquer uma de suas fraturas no pescoço”, disse Kate.
No entanto, Nathan não iria a lugar nenhum sem dar luta. “Quando finalmente saí da sedação e percebi o que estava a acontecer, foi difícil. No início pensei que estava num pesadelo. Acordei e pensei ‘isso não está a acontecer'”, recordou Nathan.
A mente de Nathan estava intacta – mas ele estava paralisado dos ombros para baixo. “Os médicos vieram e basicamente disseram: ‘não vai ter nenhum movimento. Não vai poder andar de novo’. É algo que ninguém quer ouvir, então foi como se o meu pior pesadelo tivesse acontecido”, afirmou. Porém, Kate estava aliviada porque a sua personalidade permaneceu a mesma.
Os esforços para Nathan assistir ao parto do filho
Nathan Stapleton deparou-se com uma decisão importante a tomar: “Tive que fazer uma escolha. Podia sentar-me e sentir pena de mim mesmo e trazer todos para baixo comigo, ou engolir, aceitar o que é e focar nas coisas que eu posso fazer”, afirmou. E isso incluiu estar presente no nascimento do segundo filho apenas algumas semanas depois.
“O meu maior medo, obviamente, era não ter o Nathan lá”, disse Kate. Assim, a equipa da unidade de terapia intensiva [UTI] do Hospital Prince of Wales, em Sydney, juntamente com a equipa do Royal Hospital for Women, que fica ao lado, fizeram tudo o que podiam para que isso fosse possível. Isto quer dizer que funcionários e equipamentos estariam disponíveis para colocar Nathan na sala de parto quando Kate entrasse em trabalho de parto.
“Trabalho na UTI há cerca de 10 anos e nunca ouvi falar disto a acontecer e, para ser honesta, não é realmente uma situação que surge com muita frequência, é uma situação bastante notável e muito rara”, a enfermeira Steph Rhodes.
A fotógrafa Alisia Mason, do Sydney Birth Stories, capturou o nascimento e o momento inesquecível como pode ver abaixo:
Kate deu à luz o pequeno Angus no dia 1 de julho e o bebé foi colocado no peito de Nathan. “Estamos muito agradecidos e abençoados por podermos estar juntos no nascimento e é algo que nunca esqueceremos”, disse Nathan.
Mas também há uma mistura de emoções: “É difícil porque a única coisa que queres fazer quando está a ter o teu segundo filho é confortar a tua esposa fisicamente, segurar a mão dela, mas eu simplesmente não consegui. Pude testemunhar tudo e ainda pude abraçar o meu menino, e ainda pude beijar a minha esposa e dizer-lhe como ela era incrível. Foi agridoce”, acrescentou.
O pensamento: um dia de cada vez
Apesar da sua saúde pré-lesão e força mental estarem a fazer uma grande diferença na recuperação de Nathan Stapleton, a gerente de enfermagem da UTI, Megan Pinfold, disse que era provável que fique ligado a um ventilador para sempre.
O ex-jogador de râguebi está agora acostumado à sua nova cadeira de rodas, que controla com o queixo, e aos seu computador, que permite fazer expressões faciais e voz de texto. Já o filho mais velho, Harry, também já se adaptou melhor do que esperavam ao ver o pai no hospital. “Acho que a pergunta era: ‘porque é que o papá está na cama?’ e ‘porque é que ele está aqui? O que são todos estes tubos no papá'”, contou Nathan.
Apesar de tudo, Nathan continua com um pensamento positivo. “A lesão, não podemos mudá-la. É o que é. Ninguém quer estar onde estou sentado, mas no final do dia há muito o que esperar. Tenho uma esposa linda, dois meninos lindos e sou abençoado por ainda poder estar aqui para eles”, afirmou. Uma campanha de GoFundMe foi criada para angariar dinheiro para a sua recuperação.