Bianca King ficou devastada quando foi vítima de discriminação no trabalho. A mulher de 31 anos, que vive em Kettering, na Inglaterra, descobriu que estava grávida, pela primeira vez, e decidiu avisar a empresa sobre a situação: a resposta deixou-a incrédula.
“Enviei um e-mail a dizer que estava grávida pouco antes do fim de semana, mas quando voltei ao trabalho na segunda-feira fui completamente ignorada. Não me felicitaram nem nada”, contou Bianca, citada pelo Daily Mail. Pediu umas férias e foi, novamente, ignorada.
“Eventualmente, George [Dodds, diretor da empresa Mortgage Compare] teve que reconhecer isso porque eu estava a fazer negócios para ele e ele mudou de tom na altura”, recordou. Foi então que um comentário sobre a sua vida sexual foi feito: “Felicitou-me, mas depois disse-me: ‘Deves ter-te divertido ultimamente’. E eu pensei: ‘Isto é inapropriado'”, disse. Quanto ao pedido de férias, concordou, mas considerou-o “atrevido”.
Entretanto, o pesadelo de Bianca começou. “A parte mais embaraçosa foi quando me disseram que eu não tinha permissão para entrar nos computadores da empresa à frente de todos, como se tivesse feito algo errado… Eu só estava a tirar um tempo para ter o meu bebé”, disse.
“Ele começou a acusar-me de roubar dados da empresa ou mudar senhas, todas essas coisas que eu não tinha feito, e esse foi o meu último dia lá antes de eu sair de licença maternidade. Outras pessoas disseram o quão estranhas e desconfortáveis se sentiam por mim e eu estava sentada numa mesa sem permissão para tocar em nada durante horas enquanto estava grávida”, continuou. E acrescentou: “Eu não fiz nada de errado, tudo que fiz foi ter um bebé. Não havia como eu voltar depois, não depois de como ele me tratou”.
Tudo isto aconteceu em 2018. A filha de Bianca, Winter Ivy nasceu em março de 2019. “Esta foi minha primeira gravidez e passei o tempo todo a correr atrás dele [do chefe] para receber o meu salário. O stress era inacreditável além de ter um filho recém-nascido e depois o tribunal do trabalho”, relembrou.
No tribunal foi provado que houve uma reunião na qual o chefe lhe entregou uma carta informando-a de que deveria ser “demitida com efeito imediato”. George Dodds disse-lhe que a empresa estava a ter algumas dificuldades financeiras e não poderia continuar a “mantê-la”. Nenhum outro funcionário recebeu tal informação. Entretanto, retirou a demissão quando ela lhe disse que estaria em licença de maternidade.
O tribunal constatou que houve, de facto, discriminação, sendo que o diretor da empresa chegou mesmo a começar a controlar-lhe os horários de almoço, algo que nunca acontecia, acusou-a de não enviar e-mail e gritou com Bianca em várias ocasiões. “É evidente que a ameaça de despedir [Bianca Kings] só foi feita como resultado da sua notificação de que estava grávida”, afirmou a juíza.
“Este foi o meu primeiro filho e eu não fui capaz de apreciá-lo como deveria. Depois dela ter nascido tive que tomar medicação por causa do stress e ansiedade (…) Tudo o que eu diria é que, para qualquer outra mulher que esteja a passar por isso, certifique-se de anotar tudo ou colocar num e-mail logo porque foi assim que pude provar tudo“, contou Bianca, que foi indemnizada em mais de 17 mil euros.