Os pais de uma criança (cujo nome e idade não foi revelada) que precisa de ser submetida a uma delicada e urgente cirurgia cardíaca não permitiram a operação porque queriam garantias de que o sangue utilizado não é de um dador vacinado contra a Covid-19. O caso aconteceu em Bolonha, Itália. A notícia foi avançada pelo Gazzetta di Modena.
De acordo com o jornal italiano, os pais disseram que queriam que o hospital aceitasse dadores anti-vacinas. No entanto, o hospital Sant’Orsola e o centro de transfusão de sangue informaram que tal não seria possível porque o sangue passa por uma série de critérios rigorosos e a doação é anónima.
“É um pedido absurdo, sem fundamento científico (…) A escolha do sangue está ligada a critérios precisos de compatibilidade e não a caprichos. Usar [o sangue] de pessoas não vacinadas não tem base científica porque a vacina não é ‘transmitida’ com a transfusão”, explicou Vincenzo De Angelis, diretor do Centro Nacional de Sangue da Itália, à disse à agência de notícias italiana ANSA.
A família teria, inclusive, indicado ao hospital uma lista de algumas dezenas de pessoas não vacinadas disponíveis para doar. O especialista salienta que “se estas pessoas recuperassem da Covid-19, o seu sangue seria idêntico ao de um vacinado”. Na verdade, o sangue possivelmente contém anticorpos, não a vacina em si e nem mesmo um vírus desativado.
Após o hospital se recusar a cumprir a vontade dos pais, estes contrataram um advogado e o caso foi parar à justiça. O tribunal de Modena pronunciou-se esta terça-feira, 8 de janeiro, sobre o assunto e negou o pedido aos pais, conforme confirmou o advogado de defesa Ugo Bertaglia.
“O juiz considerou que existem garantias de absoluta segurança no sangue fornecido pelo hospital, qualquer que seja a sua origem, permitindo assim ultrapassar a objeção dos pais que, por motivos religiosos, querem que o sangue venha de um dador não vacinado”, lê-se.