A tragédia aconteceu em maio de 2016 num avião da EgyptAir – com 66 pessoas a bordo -, mas só no mês passado foi enviado ao tribunal de apelação de Paris o relatório oficial, de 134 páginas, em que os investigadores alegaram que o capitão ou o primeiro oficial estava a fumar a 37 mil pés de altitude.
De acordo com o Independent, o Airbus A320, que fazia a rota de Parias para Cairo, mergulhou no mar Mediterrâneo. Ninguém sobreviveu. Entre eles um britânico, 12 turistas franceses, 30 egípcios, dois iraquianos e um canadiano.
Os especialistas que investigam o incidente fatal no voo MS804 acreditam que o cigarro e uma fuga de oxigénio da máscara de emergência provocou o incêndio. Os pilotos egípcios fumavam regularmente no cockpit e a prática não tinha sido proibida pela companhia aérea no momento do incidente.
A máscara de oxigénio tinha sido trocada três dias antes e, por razões que não foram determinadas, a configuração da máscara de oxigénio foi alterada por um engenheiro de manutenção de normal para emergência, fazendo com que a máscara emitisse oxigénio.
Daniele Veronelli, piloto do A320 e membro da Associação Nacional de Pilotos de Aviação Comercial da Itália, Anpac, disse ao Corriere della Sera que as verificações do oxigénio da cabine e do equipamento de máscara eram uma parte da rotina da atividade pré-voo. “Quando entramos no cockpit, entre as várias verificações preliminares antes da descolagem, também verificamos o fluxo de oxigénio nas máscaras laterais”, explicou.
Os pilotos do avião deveriam ter detectado a máscara defeituosa antes de descolar. “Uma porta é levantada e o fluxo de ar é testado pressionando um botão que se projeta do compartimento. Ao ativar o intercomunicador, pode-se ouvir o fluxo de oxigénio porque cada máscara está equipada com um microfone”, acrescentou.
O jornal italiano também avança que os pilotos se queixaram do cansaço durante o voo noturno, que partiu do aeroporto Charles De Gaulle pouco depois das 23h, horário local. O avião desapareceu do radar cerca de uma hora e meia depois. No entanto, o relatório afirma que a tripulação estava dentro do seu tempo de serviço.
A Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) pressionou pela proibição total do fumo a bordo desde 1996, mas as resoluções do órgão são levadas em consideração apenas pelos governos na elaboração das suas próprias leis, em vez de estabelecer regras rígidas.
Inicialmente, as autoridades egípcias consideraram o incidente um atentado terrorista, uma vez que foram usados explosivos num avião Metrojet que transportava turistas russos do resort de Sharm al-Sheikh, no Mar Vermelho, em outubro de 2015, matando todas as 224 pessoas a bordo. No entanto, a agência francesa de investigação de acidentes aéreos BEA disse em 2018 que a “hipótese mais provável é que um incêndio tenha ocorrido na cabine enquanto o avião estava a voar na sua altitude de cruzeiro e que o fogo se espalhou rapidamente, resultando na perda de controlo do avião”.
O relatório ainda não foi divulgado publicamente, segundo o Corriere della Sera.