Apenas alguns dias após o nascimento de Eva e Ella, os médicos diagnosticaram as meninas com cancro. Hoje, com 4 anos, enfrentaram muitos desafios referentes à sua saúde. E a mãe das crianças, Maryann Oakley, contou a sua história.
Esta mãe de 43 anos, da Pensilvânia (EUA), mostra o dia-a-dia das filhas nas redes sociais. Maryann tinha tudo para ser mais uma mãe de gémeos com uma rotina atribulada, mas as meninas sofrem de retinoblastoma, um tipo de tumor raro que atinge o olho, mais concretamente a retina.
De acordo com o que Maryann disse em entrevista ao Today, Eve foi diagnosticada com apenas 10 dias de vida. A menina teve que passar por cirurgia de urgência e passou cerca de seis meses no hospital. Alguns dias depois, Ella foi diagnosticada com o mesmo cancro.
A mãe recorda que, com 37 semanas de gravidez, as meninas nasceram saudáveis através de cesariana. “Elas só ficaram no hospital durante cerca de três dias. Pesavam aproximadamente 2,2 quilos quando nasceram e tinham icterícia [coloração amarelada das escleróticas (isto é, da superfície branca do olho) e da pele]. Achámos que essa era a parte mais difícil”, contou.
“Ela não estava a comer e apenas gritava”
Foi então que, por volta da véspera do Ano Novo, em 2017, cerca de 10 dias após o nascimento das gémeas, Eve começou comportar-se de forma incomum: “Ela não estava a comer e apenas gritava. Só sabíamos que algo estava errado”, explicou. Nesse dia, os pais decidiram levá-la ao hospital.
Os seus sinais vitais caíram e a sua pele ficou cinza. “Eles pensaram que era meningite”, disse Maryann. No dia seguinte, fizeram uma cirurgia e descobriram que tinha o insemino torcido: removeram parte do órgão e realizaram uma ostomia [uma cirurgia em que é criado um percurso de saída alternativo para as fezes ou a urina].
Entanto estava a recuperar, Eva sofreu uma paragem cardíaca. “Estava tudo tão nublado. Foi assustador”, disse a mãe das meninas. “Eles estavam a dar-lhe uns medicamentos, a tentar ressuscitá-la. Eu podia ouvi-los a gritar: ‘Dá-lhe mais’. Dá-lhe mais’, a tentar estabilizá-la”, acrescentou. Logo depois, a menina entrou em choque séptico, os seus rins e fígado falharam e ela estava a urinar sangue. E começou a ter convulsões.
Durante um exame oftalmológico com os olhos dilatados, os médicos repararam em tumores no olho esquerdo, um sinal de retinoblastoma, onde as células cancerígenas se formam no tecido da retina. Enquanto isso, os médicos recomendaram que Ella também fosse examinada. “Ella foi diagnosticada [com retinoblastoma] provavelmente apenas alguns dias depois da Eva”, disse Maryann.
Ella começou a quimioterapia imediatamente no Hospital Infantil de Filadélfia. Quando Eva estava forte o suficiente, ela foi levada para o hospital para que, quando se recuperasse, também pudesse começar a quimioterapia. E não foi nada fácil: ficaram doentes algumas vezes.
Desde o diagnóstico, as meninas já tiveram algumas recaídas. A última, de Eva, aconteceu em novembro deste ano e, agora, a menina é tratada com crioterapia, um tratamento que usa frio extremo para destruir células cancerígenas.
Oferecer normalidade no meio da doença
Apesar de irmãs gémeas, têm personalidades muito diferentes: enquanto Eva é “extrovertida e destemida”, Ella é “mais tímida”, aos olhos da mãe, que partilha a história das filhas nas redes sociais para aumentar a conscientização sobre o cancro infantil.
“Eu vivo uma vida cheia de esperança para elas e vivo uma vida (sabendo) que não há a promessa de um amanhã. Estou a criar o máximo de memórias possíveis, pois sinto que perdi muito tempo. Entre estes momentos assustadores, eu quero apenas garantir que elas sejam felizes”, destacou.