No Dia Internacional da Mulher, é ainda mais importante recordar algumas das que se destacaram por desafiar as convenções e brilhar em diversas áreas, ajudando o Mundo a mudar e avançar mais um pouco. Confira a lista que preparámos para si:
Marie Curie
Nascida em 1867, em Varsóvia, foi a primeira mulher a receber o Prémio Nobel, em conjunto com o seu marido, Pierre, que conheceu após se ter mudado para Paris. Esse Nobel, da Física, deveu-se ao trabalho do casal na descoberta sobre o fenómeno da radioatividade. Após a morte de Pierre, voltaria a receber outro Nobel, agora da Química, pela descoberta de dois elementos, o polónio e o rádio, tornando-se a primeira pessoa a ser distinguida pela Academia Sueca por duas vezes. Numa carreira brilhante, que abriu portas para a radioterapia ou o raio X, distinguiu-se ainda, por exemplo, por ser a primeira mulher a dar aulas na Universidade de Paris ou, voltando ao Nobel, ser a única pessoa distinguida em dois campos diferentes, Física e Química.
Madre Teresa
Natural de Skopje, então parte do Império Otomano e hoje Macedónia do Norte, começou por mudar a sua vida quando emigrou para a Irlanda. Decidida desde os 12 anos a dedicar-se a uma vida religiosa, deu esse primeiro passo aos 18, para se juntar a uma congregação e assim aprender inglês, a língua usada por essas Irmãs na Índia, para onde partiria logo de seguida, em 1929. Foi já em Calcutá que, duas décadas depois, começou verdadeiramente a deixar o seu nome na história, fundando as Missionárias da Caridade: sete décadas depois são mais de cinco mil, espalhadas por cerca de 130 países, a auxiliar os mais pobres entre os pobres. Distinguida com o Nobel da Paz, viria a falecer aos 87 anos, em 1997, e é desde 2016 considerada santa pela Igreja Católica.
Virginia Woolf
À frente do seu tempo, a escritora inglesa nascida em 1882 foi uma feminista, sobrevivente de abuso sexual, que denunciou a discriminação que as mulheres sofriam, também sentida por si mesma num mundo da literatura dominado pelos homens. Basta lembrar que, cerca de um século antes, mulheres como Jane Austen publicavam os seus livros anonimamente, pois ficava mal a uma mulher colocar a escrita ao mesmo nível dos seus deveres como esposa e mãe. Conhecida hoje principalmente por romances como Mrs. Dalloway, escreveu também ensaios pioneiros em diversas áreas. Apesar do seu papel inspirador para o feminismo, convém frisar que Virginia foi ainda mais do que isso, sendo reconhecida por mérito próprio como uma das grandes escritoras do século passado.
Amália Rodrigues
Foi deixada pelos pais, na Lisboa que em 1920 a viu nascer, quando eles regressaram à Beira Baixa, ficando com os avós maternos. Começou a trabalhar bem nova e cantou pela primeira vez em público quando tinha cerca de 15 anos, numa festa de beneficência. Dedicou-se profissionalmente ao fado a partir de 1939, quando se estreou no Retiro da Severa, começando a eternizar o nome logo no ano seguinte, quando a sua voz foi ouvida pela primeira vez além-fronteiras, em Madrid. Foi ainda em 1940 que se estreou também como atriz, sendo atração convidada numa revista em palco no Teatro Maria Vitória. A partir daí fez sucesso quando passou pelo Brasil, Paris e mais tarde pelo Mundo. Pelo meio, entrou em vários filmes e cantou inúmeros sucessos. Atuou em público pela última vez no Coliseu dos Recreios, quando Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, em 1994. Viria a falecer em 1999, sendo homenageada mais uma vez, com a trasladação do seu corpo para o Panteão Nacional.
Rainha Isabel II
Tinha apenas 25 anos quando o seu pai morreu, em 1952, e recebeu a coroa, acabando por se tornar a monarca que esteve mais tempo no trono britânico, ao longo de sete décadas, em que lidou com 14 diferentes primeiros-ministros. Durante esse reinado, o de maior duração de uma rainha em toda a história global, esteve sob os olhares do mundo, enquanto regente de 32 estados soberanos, com o império britânico a manter ainda 15 estados à altura da sua morte. Começou o seu serviço público durante a II Guerra Mundial, no Serviço Territorial Auxiliar e após a sua morte foram tornadas públicas fotografias da então princesa como mecânica, a arranjar um camião e a conduzir um veículo militar. Lidou com imensas mudanças, tanto a nível interno, com o terrorismo na Irlanda do Norte, como com a descolonização de África, por exemplo, enquanto também ocorriam diversas crises familiares, analisadas obsessivamente pela comunicação social. Extremamente popular, faleceu em setembro de 2022, aos 96 anos.
Frida Kahlo
Contraiu poliomielite aos seis anos e teve de estar acamada por nove meses. Como resultado, ficou com a perna e o pé direitos mais finos, o que fez com que passasse a coxear e a usar saias compridas para tentar ocultar a diferença. Para tentar recuperar, o pai, com quem manteve uma forte relação, encorajou-a a fazer desporto. Frida jogou futebol, fez natação e luta livre, algo bastante invulgar para uma rapariga há cerca de 100 anos. Aos 18 anos, mais uma vez a vida foi injusta consigo e teve um grave acidente quando viajava de autocarro com o namorado. Apesar da dor que a acompanhou desde jovem e ao longo da vida, tornou-se uma das mais famosas artistas femininas, orgulhosa da sua herança mexicana. Quase tão famosa como as suas pinturas foi a relação tumultuosa que viveu com o também artista Diego Rivera, com quem foi casada duas vezes e que era a sua paixão desde os tempos em que o via na escola. Falecida em 1954, é hoje infinitamente mais famosa do que em vida, tornando-se um ícone global.
Anne Frank
Oitenta anos depois, o diário de uma menina de 12 anos continua a ser tão importante como quando foi publicado pelo seu pai, único sobrevivente da família Frank. Foi escrito por Anne durante dois anos, enquanto eles, em conjunto com mais quatro pessoas, se escondiam num pequeno sótão de Amesterdão, nos Países Baixos, pelo simples facto de serem judeus, num dos períodos mais negros da história. Nascida em Frankfurt, na Alemanha, Anne foi obrigada a fugir com a família aos quatro anos, quando Hitler dominou a Alemanha. Acabou por falecer num campo de concentração e o seu diário, um dos mais conhecidos livros de sempre, tornou-se um símbolo de amor e esperança, existindo atualmente cerca de 300 escolas com o seu nome em todo o mundo.
Joana d’Arc
De camponesa a heroína nacional e santa, a jovem nascida em 1412 deixou a sua marca em apenas 19 anos de vida. Através de visões, Joana dizia ter recebido instruções para ajudar à coroação de Carlos VII e libertar França do domínio inglês na Guerra dos Cem Anos, em que liderou as tropas a várias vitórias importantes. Primeiro convenceu-o a ser rei e depois ajudou a terminar com o cerco a Orleães, abandonado pelos ingleses nove dias após a sua chegada. Quando foi capturada, julgaram-na por bruxaria e queimaram-na numa fogueira. Seria canonizada em 1920, o que lhe deu a fama que mantém até hoje, quase seis séculos após a sua morte, em que só talvez Cleópatra lhe faça sombra como ícone de um passado longínquo, pelo imaginário romântico e trágico a que Hollywood muito ajudou. Joana foi uma líder militar de homens e considerada salvadora de França pelos seus atos em batalha, tornando-se inclusivamente padroeira da nação.