Diogo Faro e Joana Brito Silva estão juntos há dois anos e decidiram juntar-se em palco, num espetáculo intitulado Amor, Quero Beijar Mais Pessoas, para partilharem com todos as suas experiências enquanto casal não-monogâmico. À conversa com o nosso site, os dois artistas revelam algumas regras do relacionamento, contam as reações do público e ainda dizem se pretendem ter filhos em comum.
A ideia para levar o espetáculo ao Teatro Villaret, em Lisboa, “surgiu de forma muito natural”. “Nós estamos juntos há dois anos e logo no início decidimos que a relação ia ser aberta”, começa por nos contar o humorista.
Contudo, há vários conceitos sobre a relação que mereceram uma explicação do casal. “A não-monogamia é um conceito que abarca vários dentro de si, como a relação aberta e o poliamor”, explica Joana Brito Silva.
“Na relação aberta, existe um casal principal que pode abrir para experiências exclusivamente sexuais, sozinho ou em conjunto. Como é o caso da prática do ‘swing’, incluir uma terceira pessoa, etc.”, acrescenta.
Já no que diz respeito ao poliamor, o conceito acaba por ser mais complexo, pois existe o hierárquico e o não hierárquico. No primeiro, “existe um casal principal em que ambas as pessoas podem namorar ou envolver-se com outras”. No segundo, “há várias relações em que todas estão no mesmo nível.”
O “caminho” imposto pela sociedade e as regras do casal
“Em vez de seguirmos um caminho definido pela sociedade, cada um escolhe o seu caminho. É tudo construído à nossa medida”, explica o humorista, acrescentando que a comunicação é a base de tudo na relação com Joana Brito Silva.
Contudo, optam por não partilhar casa. Cada um tem o seu espaço e o seu tempo. “Isto não é bem uma regra, é mais uma opção. Nesta altura da vida, não nos faz sentido. Gostamos de estar sozinhos”, confessa Diogo Faro.
Quanto às verdadeiras regras do casal, no início da relação tinham definido que não dormiam com outras pessoas, mas agora vivem um poliamor hierárquico, em que são a prioridade um do outro. “Dormir é mais íntimo do que as relações sexuais, mas as regras vão sempre mudando”, explica, reforçando a importância da comunicação.
A pergunta que tinha de ser feita: Querem ter filhos em comum?
“Ter filhos não é uma vontade de nenhum dos dois. Já falámos sobre isso, mas preferimos planear outras coisas, projetos, viagens… Não nos revêmos naquilo que a sociedade define. A nós não nos serve e é por isso”, confessam.
Apesar de viverem um relacionamento com moldes diferentes daqueles que são impostos pela sociedade, tanto Diogo como Joana garantem que, na adolescência, nunca lhes passou pela cabeça que tal pudesse acontecer.
“Eu com 15 ou 16 anos nem sabia que estes moldes existiam”, diz a companheira de Diogo Faro. “Só me preocupava em dar beijinhos às miúdas e em jogar à bola na escola”, recorda o humorista, entre gargalhadas.
Agora, no espetáculo, mostram a todos que o amor existe de muitas formas e nunca esperaram que esgotasse. “As reações foram mesmo muito boas. Disseram-nos coisas muito bonitas e sentimos que cumprimos o objetivo, que era ter graça, mas ao mesmo tempo não podia ser uma palhaçada, porque tínhamos ali coisas honestas para partilhar”, refere Diogo Faro.
Ainda à conversa com o nosso site, contam que receberam pessoas de várias faixas etárias e que se “mostraram muito interessadas”. No próximo ano, pretendem fazer uma digressão e levar o Amor, Quero Beijar Mais Pessoas a vários cantos do País.
As primeiras datas do espetáculo da Força de Produção estão todas esgotadas e acabam de abrir agora uma sétima data extra no dia 27 de dezembro. Os bilhetes podem ser adquiridos nos locais habituais para aquele dia, às 21h, no Teatro Villaret.
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