11 de setembro de 2001. Uma data que fez parar o mundo, e que mudou o seu curso, marcando para sempre a história dos Estados Unidos. Numa altura em que se assinalam 21 anos desde um dos piores atentados terroristas em solo norte-americano, eis a história de dois pilotos que souberam, em pleno voo, dos ataques às torres do World Trade Center. E da iminência da sua aeronave poder ser, também, alvo de um sequestro.
Num vídeo partilhado em 2019 pelo canal Discovery Canada, dois pilotos da American Airlines, companhia que teve voos sequestrados na manhã desse dia, contam como souberam dos atentados, numa altura em que pilotavam centenas de pessoas em direção a solo americano.
Enquanto capitã do voo 49, num Boeing Triple 7 da American Airlines, entre Paris e Dallas, Beverly Bass, atualmente já reformada, recorda como um “dia lindo e aparentemente normal” se transformou, rapidamente, num pesadelo.
Ao seu lado, seguia o co-piloto Mike Franklin, que fala sobre a forma como a notícia lhes chegou, e a desvalorização inicial do assunto: “Enquanto estávamos a cruzar o Atlântico, um dos nossos rádios, a chamada ‘frequência comum’, um dos meios que permite aos pilotos de aeronaves falarem entre si, sobretudo para trocarem atualizações de clima, ventos ou turbulência, trouxe um aviso diferente. Foi aí que ouvimos alguém comentar que um avião tinha atingido um prédio na cidade de Nova Iorque“, revela.
If you saw “Come From Away” you know the story of Beverly Bass, American Airlines’ first female captain and pilot of one of the 38 transatlantic flights diverted to tiny Gander, Newfoundland when US airspace was closed on 9/11. Honored to meet her in Pittsburgh last year. pic.twitter.com/VyoEExqvi8
— Ken Rice (@kenricekdka) April 15, 2019
“Ok, nada de necessariamente alarmante para o momento“. “Claro que conversámos sobre o assunto, e o que pensámos de imediato era de que, certamente, se teria tratado de um avião pequeno“, confessa a capitã Beverly Bass.
No entanto, a calma e a tranquilidade não durou muito tempo, e deu de imediato lugar a uma certa consternação: “Algo veio pelo rádio, novamente, em menos de 20 minutos… e de que outra aeronave tinha atingido uma outra torre. E pela minha experiência militar, pude logo perceber que se tratava de um ataque coordenado“, disse o co-piloto.
“De repente, começámos a ver alguns dos aviões que estavam por perto a fazerem uma volta de 180.º graus, algo que alguém nunca iria ver porque as trilhas no Atlântico Norte são direcionais, de sentido único, e portanto ninguém pode voltar para trás“, descreveu Beverly Bass. “Então o meu pensamento foi: ‘Beverly, porque não consideramos mudar a rota e levarmos as pessoas de volta para onde vieram?“, referiu Mike Franklin. No entanto, pouco tempo depois, os operadores de rádio não deram permissão a que a aeronave de Beverly e Mike pudesse rodar e voltar a Paris.
E neste momento, o tempo parecia parar, obrigando a uma rápida equação sobre como resolver a entrada do avião dentro de um espaço aéreo sob ameaça terrorista.
“Não estava realmente preocupado com o que estaria por detrás de mim, como um cenário de sequestro, que estava a acontecer com os outros aviões. Não pensei nisso, e naquele momento foquei-me apenas no objetivo principal: colocar a minha aeronave e todas as pessoas a salvo, no solo“, assumiu Mike.
Cigarro aceso no cockpit fez com que avião caísse no mar e matasse todos a bordo
De acordo com History By Day, o avião de Beverly e de Mike veio a aterrar na base aérea de Gander, no Canadá, uma pequena cidade que viu a chegada de outras 37 aeronaves, e de mais de seis mil e 700 pessoas.
O avião destes dois pilotos foi o penúltimo a chegar à região, e todos os passageiros foram informados que não podiam sair do local até à manhã do dia seguinte. Dados os protocolos, Beverly, Mike, a tripulação e os passageiros da aeronave ficaram mais de 28 horas dentro da aeronave, e só conseguiram sair da pequena localidade quatro dias depois.