A vida de Luís Lopes e da sua família está em suspenso desde o dia em que a Polícia Judiciária lhe foi bater à porta com a suspeita de ter sido ele o responsável pela morte de Francisco Baptista. As provas que viriam a condenar este conhecido construtor civil de Elvas mostram como é ténue a fronteira que separa a vida em liberdade do inferno da cadeia.
Vítima e alegado homicida tinham uma relação de décadas. Francisco Baptista geria uma pequena empresa de estuques e trabalhava inúmeras vezes com Luís Lopes, empreiteiro de Elvas com obra feita.
Na altura do crime, o constructor tinha quase 5 mil euros em dívida ao estucador.
Luís Lopes garante que nunca foi pressionado a pagar mas terá sido também por isso que decidiram marcar um encontro no dia em que Francisco Baptista foi assassinado.
Defesa e acusação concordam que ambos combinaram reunir-se no dia fatídico mas divergem quanto ao local do encontro.
Lopes assegura que combinaram na Quinta do Bispo onde garante ter visto o estucador chegar na Volkswagen branca que conduzia habitualmente acompanhado de uma outra pessoa que não conseguiu identificar. O próprio processo judicial viria a incluir uma denúncia anónima que lançava suspeitas sobre este "homem mistério" mas esta pista nunca foi investigada.
Terá sido durante este encontro, assegura o empreiteiro, que entregou ao estucador um envelope com os 4900 euros que tinha em dívida. O dinheiro terá sido guardado no porta-luvas da carrinha mas nunca foi encontrado.
A tese é, contudo, recusada pela Judiciária. Os inspectores que estiveram a cargo da investigação estão convencidos de que vítima e alegado homicida se encontraram naquele que se tornaria o cenário do crime: a Estrada Nacional 373, a 1km das bombas de gasolina do Alandroal.
Foi aqui que a GNR encontrou a carrinha do empresário com portas e assentos ensanguentados. Francisco Baptista tinha sido morto com cinco tiros à queima-roupa.
Durante três meses as autoridades fizeram tudo para reconstituir os passos de vítima e homicida. A principal prova da condenação acabou por ser um relógio de pulso de Luís Lopes onde foram encontrados vestígios de sangue. Evidência que o próprio Tribunal do Redondo admitiu não ser conclusiva. Na sentença escreveu que o facto de os vestígios estarem misturados "impede a afirmação científica absoluta de que o sangue pertence a um a outro".
Perante a ausência de uma prova inequívoca, haveria indícios suficientes que conduzissem a uma condenação de 15 anos pelo homicídio? Estará este homem - agora com 72 anos, preso injustamente?
Dê a sua opinião e participe no questionário.