Sou uma sobrevivente! E pessoas como eu nem sempre têm a conduta que esta sociedade hipócrita considera correta. Se passassem metade do que eu passei, talvez se deixassem de coisas e me olhassem de outra maneira. Mas não, julgam-me apenas pela aparência e pelas atitudes que tenho, sem sequer se esforçarem por conhecer um pouco da minha dor. Mas eu conto-vos…
Sabem o que é chegar à adolescência e descobrirem que a vossa vida era uma mentira? Durante a infância, os meus supostos pais trataram-me como uma princesa. E garanto-vos que ninguém ficou mais feliz do que eu quando eles anunciaram que iam ter um bebé. Mal a Patrícia nasceu, eles começaram a rejeitar-me, como se fosse um brinquedo. Foi, nessa altura, que me atiraram à cara que tinha sido comprada. Achei que me estavam a mentir só para me castigar, mas perdi o chão com a maldade daquele castigo. E sim, fiz toda a porcaria que podia fazer para os magoar.
Hoje trabalho como DJ em Ibiza e tenho uma relação “colorida” com o Guilherme Mesquita. Dei muitos trambolhões para chegar até aqui, mas faço o que for preciso para não passar necessidades outra vez. Até fome passei. E ainda querem que seja boazinha? A vida já me marcou bastante, mas parece que tenho ainda situações desafiantes pela frente. Algures, vou cruzar-me com reflexos de mim mesma, mas posso dizer que a minha luz não é tão clara e cintilante como a das outras duas, mas é sem dúvida mais provocadora e poderosa…