Sou médico há décadas e continuo a adorar o que faço, embora as horas de urgência e as noites mal dormidas já me pesem no corpo. Devia fazer exercício físico, mas gosto mais de ler. Sempre fui assim: quieto, caseiro, acomodado.
Gosto muito do que faço, mas sei que não consigo falar sobre isto com ninguém aqui em casa, porque já ninguém tem tempo ou paciência para me ouvir. É, por isso, que almoço muitas vezes no bar lá do hospital com a Vanda. Troco impressões com ela, dou o meu feedback sobre aquilo que está melhor ou pior no hospital e, pasmem-se, ela ouve o que tenho a dizer.
A pouco e pouco e, sem me aperceber disso, vou exigindo da minha mulher, a Sílvia, aquilo que tenho com a Vanda e vai chegar uma altura em que os tais chinelos confortáveis, que estão sempre lá à minha espera, depois do trabalho, já não serão suficientes.
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