De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), caracterizam-se como “abusos ou maus-tratos às crianças, todas as formas de lesão física ou psicológica, abuso sexual, negligência ou tratamento negligente, exploração comercial ou outro tipo de exploração, resultando em danos atuais ou potenciais para a saúde da criança, sua sobrevivência, desenvolvimento ou dignidade num contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder”.
Hernâni afirma que a justiça continua divorciada da realidade.
Chantagem psicológica é um dos fatores que está mais presente nestes casos igualando os de violência doméstica. O álcool e a invenção de desculpas são coisas que se tornam “normais”.
Os maus-tratos físicos, psíquicos e sociais constituem um fenómeno que afeta a criança/jovem, por ação ou omissão das pessoas que têm de cuidar dela, daquelas com quem convive habitualmente e da comunidade em geral. Neste sentido, pode afirmar-se que o fenómeno da criança maltratada corresponde, em sentido lato, a um problema de saúde pública que consubstancia, regra geral, uma forma de “hereditariedade social”.
Marcelino Oliveira de 63 anos, ao telefone, recorda violência que este e os irmãos passaram na infância: “eu urinava-me todo“. No estúdio ninguém ficou indiferente com esta chamada.
“Quando o meu irmão Casimiro trazia uma nota menor, ela (mãe) amarrava-lhe uma corda com um cartaz à frente e atrás das costas a dizer ‘eu sou burro’ e amarrava-lhe as mãos atrás das costas e eramos obrigados os três a ir para a escola e proibidos de o ajudar”
Joaquim António (ao telefone) : “As pessoas com o decorrer do tempo começaram a mimar demasiado as crianças, a deixar fazê-las demais do que deviam fazer”. Dra. Alexandra Fontoura refere que os maus-tratos a crianças não têm nada a ver com a questão da educação que os pais e a escola dão.