O que têm em comum Jéssica Biscaia, Joana Cipriano, Vanessa Filipa, Fátima Letícia e, ainda estas outras 4 crianças: o Henrique, a Isabel, a Lara e a Valentina? Estas crianças foram maltratadas pela própria família e das oito, só uma é que sobreviveu aos maus-tratos.
Jéssica Biscaia tinha três anos, ficou 6 dias nas mãos de uma família que, alegadamente, a espancou. A mãe de Jéssica é que a levou a esta casa, de onde a criança veio a sair já com lesões graves que lhe viriam a causar a morte. Joana Cipriano tinha 8 anos quando desapareceu a 12 de setembro de 2004. A mãe e o tio materno acabariam detidos e condenados pelo homicídio da menina, mas o corpo nunca apareceu: “A sociedade não quis saber desta menina”, explica Hernâni Carvalho.
Vanessa Filipa tinha 5 anos quando, a 30 de Abril de 2005, morreu depois da avó paterna a mergulhar, repetidas vezes, numa banheira com água a ferver. O pai acabaria por atirar o corpo da própria filha, ao rio Douro. Fátima Letícia tinha apenas 50 dias de vida quando dá entrada no Hospital Pediátrico de Coimbra com várias hemorragias, uma fratura craniana e lesões no ânus e nos olhos. A menina acabou por sobreviver, mas hoje, aos 17 anos viverá graves limitações físicas e cognitivas.
Henrique tinha 6 meses e foi assassinado pelo próprio pai com um golpe de faca, a 8 de abril de 2015 em Linda-a-Velha. A 10 de abril do mesmo ano, Maria Isabel, de 2 anos, morreu depois de ter sido espancada pelo padrasto.
“Como é que um pai ou uma mãe é capaz de matar o seu próprio filho?” – questiona Maria Cunha Louro, afirmando que a indiferença e a frieza são semelhantes nestes casos. Para além disso, explica que “as queimaduras não são uma morte imediata, é um sofrimento atroz”.