A temática dos cuidadores informais é dos assuntos mais debatidos nos últimos anos. É cada vez maior o número daqueles que dedicam o seu tempo, muitas vezes 24 horas por dia, aos que lhes são mais próximos.
O estatuto do cuidador informal foi aprovado em 2019 e estima-se que haja perto de um milhão e meio de cuidadores, em Portugal. A pandemia veio agravar uma situação que já era frágil e muitos são os que vivem cada vez mais dificuldade e que se queixam da falta de apoio. Os testemunhos são de angústia e desespero, mas sobretudo, carregados de amor.
Hoje conhecemos a história de Nivalda que veio do Brasil para Portugal aos 18 anos e conheceu e o marido no prédio onde trabalhavam e onde vivem, há mais de 30 anos.
Guilaldo era porteiro do condomínio, em Cascais e sempre foi considerado um homem alegre, trabalhador e honesto. No entanto, o deteriorar da saúde do marido de Nivalda, diagnosticado com Alzheimer, deixou-o totalmente dependente da mulher que, desde há 3 anos, cuida dele, sozinha.
“Deixei a minha vida porque ele depende de mim para tudo”
Em 2018, Guilaldo começou a perder as capacidades devido ao agravamento da doença e foi despedido, através de cartas, deixando assim de ter direito a viver na casa do condomínio onde residia com a mulher. Deram ao casal apenas 2 meses para sair.
Nivalda, que deixou de trabalhar para se dedicar apenas a cuidar do marido, revela que está a sofrer de uma enorme injustiça e a viver uma situação muito delicada. O marido não a reconhece, é totalmente dependente e a doença deixou-o agressivo: “Começa a gritar e a partir tudo… Não é ele que está a fazer isso, é a doença”
O casal está prestes a ser despejado, o desespero é enorme e, apesar do sofrimento, Nivalda recusa-se a colocar o marido num lar: “Não tenho para onde ir. Ele é um ser humano que merece todo o meu amor e carinho. Vou cuidar dele até ao fim.”