Nunca é demais alertar para os efeitos devastadores da violência doméstica. Infelizmente, as estatísticas continuam a ser preocupantes e, todos os dias, nas mais diversas plataformas, são divulgados testemunhos, desabafos e denúncias de mulheres que se sentem em perigo.
Beatriz Tomé tem apenas 25 anos, um bebé de 9 meses, e diz ter sido vítima de maus-tratos psicológicos. Recém-separada, fez um apelo e decidiu denunciar a sua situação num vídeo que foi amplamente divulgado nas redes sociais.
Apesar de ainda ser muito jovem, Beatriz é uma mulher magoada que diz ter passado por um pesadelo quando esperava viver a melhor fase da sua vida. Poucos dias depois de ter sido mãe, a relação com o pai do filho terá entrado numa espiral destrutiva que a deixou devastada. A revolta e a vontade de dar voz às vítimas de violência doméstica levaram-na a querer partilhar a sua história.
A Beatriz tem a sorte de poder contar com uma forte rede familiar. Com uma mãe professora e um pai polícia, cresceu num ambiente saudável e feliz, entre brincadeiras com os 2 irmãos mais novos. A educação e valores que recebeu fizeram-na acreditar que na idade adulta encontraria um amor equilibrado, pautado pelo respeito mútuo.
“Eu não imaginava que se pudesse sentir tanta dor”
Quando decidiu ir viver com o namorado, tudo indicava que os seus sonhos se estavam a tornar realidade… No entanto, quando engravidou, ao fim de poucos meses do início da relação, o companheiro terá mudado de comportamento. E se a situação já não parecia fácil, o confinamento imposto pela pandemia terá agravado ainda mais os conflitos entre o casal.
Beatriz diz que, quando olha para trás, consegue ver vários sinais que mostravam que a relação estava condenada. O nascimento do filho trazia-lhe a esperança de que tudo se resolvesse mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário, as discussões e confrontos entraram numa escalada irreversível. Terá sido quando o bebé tinha apenas 2 meses de vida que um episódio inesperado veio destruir todas as possibilidades de uma vida a dois.
Em pleno pós parto e Apesar de estar em sofrimento e a sentir-se desprezada, nada tinha preparado esta jovem mãe para, alegadamente, ter ouvido palavras muito duras, e inesperadas, apenas 12 dias depois de ter dado à luz…
“Para mim a violência psicológica foi mais dolorosa e deixou mais marcas”
A desilusão, associada à alegada violência psicológica a que terá sido submetida, levaram Beatriz a sair de casa e a procurar refúgio junto dos pais.
Com apenas 25 anos e um bebé de poucos meses nos braços, a jovem decidiu lutar por justiça. Foi assim que, em setembro passado, resolveu dar um passo que tinha adiado durante vários meses: dirigiu-se à PSP para apresentar queixa por violência doméstica contra o ex-companheiro. No entanto, o processo não correu como a Beatriz estava à esperava.
“De repente a vítima passa a agressora!”
Beatriz afirma que apresentou queixa à polícia por violência doméstica e o companheiro terá tentado descredibilizá-la. Após a queixa o filho foi sinalizado pela CPCJ.
“Como é que eu me defendo disto? Como é que eu provo que aquela pessoa me diminuiu?”
A jovem mãe queixa-se das múltiplas falhas que a lei tem na defesa das vítimas e recorda as palavras insensíveis que ouviu de um agente da PSP – “O que importa aqui são as agressões físicas porque a senhora não vai para tribunal dizer que ele lhe arrastou completamente o ego!“
Durante uma visita ao filho, Beatriz alega que foi agredida pelo ex-namorado, lamentando assim a falta de apoio às vítimas de violência doméstica. “É aqui que a lei falha, deixaram uma vítima desprotegida!”
Beatriz reconhece que está em processo de recuperação e revela: “A falta de amor que temos por nós próprias é a pior coisa pela qual uma mulher pode passar. Se não nos amarmos não conseguimos amar mais ninguém”